INVESTIGAÇÃO

Polícia Civil questiona informações dadas por esposa de médico em entrevista

Presa há quase 50 dias, Jussara Paes Rodrigues nega ter assassinado o marido, o médico Dernirson Paes da Silva, de 54 anos

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 22/08/2018 às 17:20
Reprodução/ TV Jornal
FOTO: Reprodução/ TV Jornal

O chefe da Polícia Civil, delegado Joselito Kehrle, questionou uma informação dada pela farmacêutica Jussara Paes Rodrigues, de 54 anos, suspeita de matar o médico Denirson Paes da Silva, 54, em entrevista exclusiva à TV Jornal. Segundo a mulher, ela foi coagida em depoimento pela polícia.

Durante a entrevista, Jussara contou que a delegada Carmem Lúcia, responsável pelas investigações, teria apresentado um áudio de uma declaração de Danilo Paes, de 23 anos, que também suspeito do crime, dizendo que foi realmente a mãe que matou o médico.

Leia também

Médico de Aldeia foi esganado até a morte, aponta laudo

“Se ela foi coagida com a possibilidade de um áudio inexistente e de declarações que ela sabe, porque se diz inocente, de que o filho não teria dito, que ela nesse momento arguisse para ouvir esse áudio e consignasse em seu depoimento que aquilo é uma negativa. Entretanto, ela optou pelo silêncio”, questionou o delegado.

“A polícia espera, se houve essa coação, que seja formalizada através dos advogados dela e isso será apurado”, disse o delegado. “Mas ressaltamos que entendemos também como estratégia de defesa essa forma de atuação”, completou.

A Polícia Civil divulgou nesta quarta-feira (22) o laudo que aponta a causa da morte do médico Denirson Paes da Silva. De acordo com o documento, o cardiologista sofreu uma asfixia por esganadura. O resultado foi entregue ao filho mais novo, Daniel Paes, de 20 anos, que precisava do documento para dar continuidade ao inventário dos bens deixados pela vítima.

“O laudo na verdade corrobora toda a investigação policial. Nós estamos falando de um homicídio complexo, triplamente qualificado, por motivo fútil, por impossibilitar a defesa da vítima, por utilizar-se de meio insidioso e cruel, e por isso foi triplamente qualificado”, detalhou o delegado.

Confira a entrevista completa do delegado Joselito Kehrle:

Entrevista

Em entrevista exclusiva à TV Jornal, a mulher de Denirson, a farmacêutica Jussara Paes, quebrou o silêncio 46 dias após ser presa. Ela nega que tenha matado o marido e diz que o mandante do crime é uma pessoa próxima que conhecia bem a casa da família. O delegado Joselito Kehrle também questionou o motivo da mulher não ter dado a informação em depoimento.

Jussara contou que no dia 31 de maio, o médico Denirson Paes saiu de casa dizendo que iria para um apartamento da família em Miami, nos Estados Unidos. Segundo ela, Denirson tinha o costume de viajar sem dar notícias.

Durante as investigações, a polícia afirmou que não conseguiu identificar, por meio das câmeras do condomínio, imagens do médico saindo do condomínio no dia 31 de maio.

Relembre o caso

O cardiologista Denirson Paes da Silva, de 54 anos, foi visto pela última vez no dia 31 de maio chegando em sua residência. No dia 20 de junho, a esposa do médico havia registrado um boletim de ocorrência relatando o desaparecimento dele. Após investigações, a polícia desconfiou de Jussara e do filho mais velho do casal, Danilo Paes, e solicitou um mandado de busca e apreensão no condomínio onde a família morava. Lá, foram encontrados os restos mortais do cardiologista, no dia 4 de julho.

No dia 5 de julho foi decretada a prisão temporária dos suspeitos. O processo corre em segredo de Justiça. Jussara segue na Colônia Penal Feminina do Bom Pastor e o filho mais velho, Danilo Paes, de 23 anos, também suspeito do crime, está no Centro de Triagem de Abreu e Lima (Cotel).

As investigações pela Polícia Civil apontam que o pedido de separação por parte do médico pode ter sido a principal motivação para o crime.