SÉRIE SECA

No Recife, falta de água obriga população a armazenar água e o número de doenças como a dengue cresce

Pratos na pia, roupas sujas acumuladas nos cestos e baldes espalhados pela casa: essa é a realidade de quem vive nas áreas de morro do Recife

Da Rádio Jornal
Da Rádio Jornal
Publicado em 11/04/2015 às 14:00
Foto: Lélia Perlim / Rádio Jornal


A Região Metropolitana do Recife é a sétima maior do Brasil, com mais de 3,8 milhões de pessoas, segundo o último censo realizado pelo IBGE. Para tentar suprir a necessidade de água dessa parcela da população, o abastecimento é feito principalmente pelas barragens de Tapacurá, Botafogo e Pirapama.

Historicamente, moradores do Grande Recife sofrem com problemas no abastecimento. Mas, por causa da seca, a situação ficou ainda pior: três reservatórios estão com o nível de água abaixo de 50% do volume.

Foto: Lélia Perlim / Rádio Jornal


O Sistema Botafogo abastece sete cidades da área Norte. A situação é mais crítica em Olinda, Paulista, Igarassu e Abreu e Lima, já que o reservatório tem apenas 18,66 % do volume total. A população se vira como pode para armazenar água, quem traz detalhes sobre essa situação é a repórter da Rádio Jornal Recife, Lélia Perlim:

Pratos na pia, roupas sujas acumuladas nos cestos e baldes espalhados pela casa: essa é a realidade de quem vive nas áreas de morro do Recife. O bairro Alto José do Pinho, na Zona Norte, é um dos muitos que tem o abastecimento irregular.

Algumas casas têm água na torneira por um dia e passam três sem, mas outras não tem água de jeito nenhum. Maria José Dantas precisa pegar água na rua ao lado com baldes. Ela sofre para realizar atividades básicas como tomar banho e cozinhar.

Foto: Lélia Perlim / Rádio Jornal


Condomínios residenciais de luxo também passam por sufoco quando o assunto é o abastecimento de água na Região Metropolitana do Recife. Síndico de um hotel em Olinda onde moram 177 famílias, o jornalista Ronan Tardin relata a dificuldade que os moradores enfrentaram com o racionamento. Para não ficar sem água, foi preciso perfurar um poço artesiano no valor de R$ 50 mil.

No Grande Recife, quem autoriza a perfuração de poços é a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac). De acordo com a instituição, existem 4.500 reservatórios regularizados na área. Os que estão fora dessa realidade correm o risco de serem fechados.

Guardada de maneira imprópria, a água pode ser foco do mosquito transmissor da dengue. Segundo a Secretaria de Saúde de Pernambuco, o Recife é o município do estado com o maior número de casos da doença este ano. Foram 4032 registros, 28% do total.