O procurador geral da República, Rodrigo Janot, apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nessa quinta-feira (20), denúncias contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, do PMDB do Rio de Janeiro, e contra o ex-presidente da República, o senador pelo PTB de Alagoas Fernando Collor de Melo. Os dois políticos cometeram crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
O procurador da República ainda quer que Eduardo Cunha devolva mais de R$ 270 milhões. Metade desse dinheiro para pagar os desvios que cometeu. A outra metade para compensar danos à Petrobras.
Os detalhes com Romoaldo de Souza:
Antes da denúncia do procurador, Eduardo Cunha disse que estava tranquilo e que não temia ser investigado. Depois que foram divulgados os detalhes do processo, o presidente da Câmara não quis mais conversar com os jornalistas e distribuiu uma nota.
“Estou absolutamente sereno e refuto com veemência todas as ilações. Sou inocente e com essa denúncia me sinto aliviado”, disse na nota.
Eduardo Cunha insinua que o nome dele foi escolhido para ser investigado e que agora também teria sido escolhido para ser denunciado. Ele disse na nota ainda: “não participo de qualquer acordo e, certamente, com o desenrolar assistiremos à comprovação da atuação do governo que já propôs a recondução do procurador na tentativa de calar e retaliar a minha atuação política”.
No Itamaraty, enquanto oferecia um almoço à chanceler da Alemanha, Angela Merkel, a presidente Dilma Rousseff não quis comentar as denúncias de corrupção contra Eduardo Cunha. “A presidência da república e o executivo não fazem análise a respeito de investigações. De maneira alguma”, encerrou o assunto.
O Supremo Tribunal Federal (STF) é que vai decidir se aceita ou não as denúncias contra Cunha e contra Collor. O senador não teve divulgado o processo que pesa contra ele, pois a denúncia é fundamentada em delações premiadas que ainda não foram homologadas pela Justiça. Numa rede social, Fernando Collor disse que Rodrigo Janot está fazendo teatro e espetáculo de festim midiático.
Um grupo de parlamentares de vários partidos pediu a saída imediata de Eduardo Cunha da presidência da Câmara. O deputado Chico Alencar (PSOL/RJ) disse que manter Cunha na presidência da casa, durante a investigação, é expor o parlamento a um vexame desnecessário.
Já o vice-líder do Democratas, deputado Pauderney Avelino, disse que é cedo para pedir a cabeça de Eduardo Cunha.
O deputado Eduardo Cunha é acusado de ter recebido propina de um contrato de uma empresa multinacional que alugou e vendeu plataformas de perfuração à Petrobras. O lobista Julio Camargo contou à justiça que Eduardo Cunha pediu a ele 6 milhões de dólares de propina para facilitar o contrato. Ainda conforme a denúncia do procurador geral da república, parte do suborno foi parar nas contas de uma igreja evangélica no interior de São Paulo por determinação de Cunha.
Já o ex-presidente Fernando Collor de Melo é acusado de ter recebido R$ 26 milhões de propina de contratos da BR Distribuidora, empresa da Petrrobras.