CARNAVAL do Recife

Sem Naná, mestres de 13 maracatus comandam abertura do Carnaval 2017

Percussionista falecido no ano passado, Naná Vasconcelos é um dos homenageados do Carnaval 2017. Os caboclinhos Carijós e o músico Almir Rouche também são homenageados

Rádio Jornal
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Publicado em 25/02/2017 às 6:22

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Como nos 15 anos em que comandou as nações de maracatus na abertura do carnaval do Recife, Naná Vasconcelos esteve presente no palco do Marco Zero nessa sexta-feira (24). Pela primeira sem a presença do percussionista no evento desde então, os músicos que são parte da sua história fizeram jus à memória dele na homenagem prestada em três atos nesta noite.

Falecido em março do ano passado, vítima de câncer, Naná resistiu até pouco depois do carnaval antes de ser hospitalizado. Agora, outros resistem por e com ele para manter viva a força da cultura negra e pernambucana no carnaval.

Os elementos que uniram os três atos foram os maracatus e as seis cantoras negras do Voz Nagô, grupo formado pelo percussionista há 8 anos. Conduzindo a cantoria do início ao fim, as vozes poderosas das mulheres foram responsáveis por vários dos melhores momentos da homenagem, como na apresentação de canções inéditas do homenageado, ou quando cantaram o Hino da África do Sul, logo depois do vídeo de abertura do show – um documentário francês de 1970 que mostra Naná na Ilha de Goré, Senegal, de onde partiam cidadãos africanos para a escravização no Brasil.


Tambores em harmonia

Para comandar os 620 batuqueiros de 13 maracatus, a decisão foi não substituir Naná, mas colocar todos os 13 mestres para reger o conjunto. Quando todos se posicionaram e os clarins de Momo soaram no Recife, estava oficialmente aberto o carnaval.

A mestra na Nação do Maracatu Encanto do Pina, Célia Benta da Silva, tocava há sete anos com o percussionista na abertura.“Foi lindo, mas a gente sentiu a falta e a presença dele”, disse. “É o mesmo que ele estar perto da gente aqui”.

O maestro Edson Rodrigues e a cantora Virgínia Rodrigues também se emocionaram. Ela cantou Saudação para Odé, orixá do homenageado também conhecido como Oxóssi. Logo depois, Lenine subiu ao palco para cantar duas composições próprias e a música Loa, do homenageado. Em seguida entrou Nilsinho Amarante, regente da Orquestra Trombonada e maestro que acompanhava Naná em gravações e shows. Amarante fez um solo no trombone da composição Trenzinho Caipira, de Heitor Villa-Lobos.

O encerramento reuniu todos os artistas em uma única cantoria de uma canção inédita de Naná Vasconcelos, Sou a Pele de um Tambor. Quando todos os músicos se abraçaram, os batuqueiros e o público seguiram o exemplo, criando um balanço de ondas na multidão.

Homenageados da noite

A abertura do carnaval do Recife continuou com a apresentação dos homenageados da noite: os caboclinhos Carijós e o músico Almir Rouche. Ele recebeu convidados como Maracatu Piaba de Ouro, Maestro Spok e Nena Queiroga, e também a matogrossense Vanessa da Mata.

Também entrou no roteiro o encontro histórico entre o Homem da Meia Noite, boneco gigante de Olinda mais antigo em atividade, e o Galo da Madrugada, bloco símbolo do carnaval do Recife. A integração já havia ocorrido na abertura do carnaval de Olinda.