INVESTIGAÇÃO

Munição usada na morte de vereadora era do mesmo lote de chacina em São Paulo

A vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco (PSOL), foi assassinada a tiros na noite da última quarta-feira (14)

Rádio Jornal
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Publicado em 16/03/2018 às 15:23

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As munições utilizadas pelos criminosos que mataram a vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco (PSOL) com tiros de uma pistola calibre 9 milímetros eram de lotes vendidos para a Polícia Federal de Brasília no ano de 2006. Além disso, a munição que matou Marielle e seu motorista, Anderson Pedro Gomes, já havia sido usada na maior chacina de São Paulo, em agosto de 2015, na qual 23 pessoas foram assassinadas.

A Polícia Civil já descobriu que a munição do lote UZZ-18 é original, isso significa que ela não foi recarregada, isso porquê a espoleta que provoca o disparo da bala é original. De acordo com as investigações, os lotes de munições foram vendidos para a Polícia Federal de Brasília por uma empresa chamada CBC, no dia 29 de dezembro de 2006.

Os agentes chegaram a essas informações após a conclusão da perícia. As Polícias Civil e Federal vão iniciar um trabalho conjunto de rastreamento. A PF instaurou um inquérito para apurar a origem das munições e as circunstâncias envolvendo as capsulas encontradas no local do crime.

O carro, modelo cobalt da Chevrolet, com placa de Nova Iguaçu, que foi usado pelos assassinados para matar a vereadora era clonado. De acordo com a polícia, o veículo original foi localizado em Duque de Caxias, também na Baixada Fluminense.

Noite do crime

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Pouco antes de morrer, a vereadora mediou um debate para jovens negras organizado pelo partido, PSOL, no centro do Rio de Janeiro. De acordo com os investigadores, um carro com placa de Nova Iguaçu já estava estacionado na porta da casa onde ela fazia o debate, na Lapa, quando ela chegou e estacionou.

Neste momento, um homem saiu do carro e falou ao celular. Depois de duas horas, Marielle foi embora no carro com uma assessora e o motorista. O veículo que estava estacionado no local também saiu, piscou o farol e seguiu o carro de Marielle Franco.

Segundo as investigações, no meio do caminho, um segundo carro entrou na perseguição. As imagens ainda não foram divulgadas pela polícia.

Perícia

Em uma nova perícia realizada no fim da tarde desta quinta-feira (15), ficou constatado que 13 disparos atingiram o veículo em que a parlamentar estava, nove na lataria e quatro no vidro.

Durante toda a quinta-feira, a polícia coletou informações no local do crime e com testemunhas, com uma assessora de Marielle que também estava no carro e não foi atingida pelos tiros.

A principal linha de investigação da Delegacia de Homicídios é a de execução, isso porquê os criminosos fugiram sem levar nada.

Chacina

Nos dias 8 e 13 de agosto de 2015 23 pessoas foram assassinadas nas cidades de Osasco, Barueri, Itapevi e Carapicuíba, na Grande São Paulo. A Promotoria e a Polícia Civil apontou que os crimes foram cometidos como retaliação às mortes de um policial militar e de um guarda municipal.

Segundo um relatório do Tribunal de Justiça Militar (TJM), os acusados da chacina em São Paulo integravam uma milícia paramilitar.

Ao todo, oito pessoas foram indiciadas por suspeita de envolvimento nos crimes, sendo elas sete policiais militares e um guarda civil. Os policiais militares Fabrício Eleutério e Thiago Henklain, além do guarda municipal Sérgio Manhanhão, foram condenados a penas que, juntas, ultrapassam 600 anos de prisão em setembro do ano passado.

Em março deste ano, o policial militar Victor Cristilder, foi condenado a mais de 119 anos de prisão. A defesa dos quatro condenados sempre alegou que seus clientes eram inocentes, tanto na participação efetiva nos assassinatos como na estratégia/facilitação dos crimes.