violência

Especial Uma Por Uma vai contar mortes de mulheres em PE durante 2018

Objetivo do projeto é chamar a atenção para a quantidade de mulheres mortas em Pernambuco

Mayra Milenna Gomes
Mayra Milenna Gomes
Publicado em 30/04/2018 às 16:15
Foto: JC Imagem
FOTO: Foto: JC Imagem

Todos os veículos do Sistema Jornal do Commercio (SJCC) estão envolvidos no projeto “Uma por Uma”. O objetivo é chamar a atenção para a quantidade de mulheres mortas em Pernambuco. Essa iniciativa conta com o apoio da ONG Meu Recife e da delegada Gleide Angelo, além de ter a colaboração de 26 mulheres do SJCC. As histórias das vítimas são contadas em um site especial disponível desde esse domingo (29). Lá também é possível encontrar o perfil dos agressores.

Aqui, no site da Rádio Jornal, desta segunda (30) até quarta-feira (2), você acompanha uma série de reportagens que retrata casos de agressão e morte sofrida por mulheres das mais variadas idades e classes sociais.

Ouça reportagem completa:

Elizabete tentou afastar a filha do relacionamento abusivo. Não conseguiu
Elizabete tentou afastar a filha do relacionamento abusivo. Não conseguiu
Foto: JC Imagem

#UMAPORUMA

As primeiras horas de 2018 seriam as últimas de Sybelle Carla de Lima Souza. aos 14 anos, ela virou estatística. A vida de Sybelle foi interrompida pelo namorado, um ajudante de pedreiro com quem morava há 6 meses, em São Lourenço da Mata. A adolescente foi morta com uma facada embaixo do braço. O corpo dela só foi encontrado dois dias depois, em cima de uma cama.

A mãe de Sibelly, Elizabete Carla de Lima, revela o que sabe sobre o dia do crime, nas primeiras horas do ano novo. Sibelly se apaixonou por José Jorge Possidônio Ferreira, de 27 anos. Depois disso, largou a escola e mergulhou num relacionamento cheio de idas e vindas, agressões, brigas e ciúmes... às vezes, aparecia com marcas no corpo. A mãe de Sibelly também já foi vítima de violência doméstica e não entende o motivo da filha passar por tantas agressões sem pedir ajuda a família.

Sybelle já tinha tentado se separar, chegou a voltar pra casa da mãe. Mas, aceitou os pedidos de perdão e, de novo, foi viver com José Jorge. O ajudante de pedreiro foi preso dois dias depois da descoberta do crime. Ninguém imagina que Dayanne Joyce Silva Serafim, de 25 anos, um dia seria mais uma vítima da violência. Para a família, ela vivia o auge da carreira como gerente de loja, em Vitória de Santo Antão.

O casamento com o policial militar José Ailton Francisco da Silva, de 35 anos, parecia ir bem. Eles se casaram quando ela tinha 15. Os dois estavam sempre juntos, faziam planos... No dia 13 de janeiro, Ailton assassinou a mulher com um tiro, depois se matou. A mãe de Dayanne tenta, mas não consegue achar explicações para as mortes.

NÚMEROS

Segundo dados levantados pelo projeto Uma por Uma, e confirmados pela Secretaria de Defesa Social, 77 mulheres foram mortas em pernambuco nos três primeiros meses deste ano . Foram 28 em janeiro, 26 em fevereiro e mais 23 em março. Desse total, 17 são casos de feminicídio, que é quando a mulher é morta simplesmente por sua condição de mulher. Na maioria dos casos, o crime é cometido por alguém que teve relacionamento amoroso com a vítima. As histórias de Sybelle e Dayanne são, sim, contadas como feminicídio. A Secretária da Mulher, Sílvia Cordeiro, explica que a violência pode se apresentar de várias formas.

Com narração de Milenna Gomes, reportagem de Cinthia Ferreira, edição de texto de Adriana Nolasco e Natália Hermosa, coordenação de conteúdo de Mônica Carvalho e trabalhos técnicos de Evandro Chaves.