A unidade de alta complexidade para queimados do Hospital da Restauração está com superlotação de leitos. Um retrato do descaso praticado nos preços do gás de cozinha. São pacientes de baixa renda, na maioria adultos, que, sem opção, recorreram ao uso de combustíveis na cozinha e acabaram com ferimentos graves.
A costureira Joacira Xavier da Silva foi vítima da gasolina usada para acender fogo. De acordo com ela, no Jordão Alto, o valor do botijão chegou a custar R$ 180. “Quem tinha gás estava prendendo para vender caro. Aí a gente comprou álcool de posto para ficar cozinha. De manhã, eu fui fazer o café, mas eu não vi que a chama não tinha acabado toda e fui botar mais álcool. Aí a garrafa pegou fogo e me incendiou toda”, contou a paciente.
Na UTI feminina, outros casos se multiplicam e apenas três vagas estão disponíveis. A situação é tão grave que no mês passado duas donas de casa morreram vítimas de complicações de queimaduras com combustíveis.
A UTI masculina tem situação bem pior e não há vagas para mais pacientes. O que mais preocupa é que o tempo médio de recuperação leva em torno de 20 dias a 3 meses. Com os altos preços na venda do botijão de gás e a proximidade dos festejos juninos a tendência é que falte leitos.
Nesta época do ano, o número de pessoas queimadas por fogos e fogueiras costuma crescer de seis para 80 feridos, como afirmou o chefe da Unidade de Queimados do HR, doutor Marcos Barreto.
Confira os detalhes na reportagem de Rafael Carneiro:
O caso do engenheiro eletrônico José Marconi Ribeiro chama atenção. Para fugir dos preços abusivos no Cabo de Santo Agostinho, onde o botijão de gás atingiu o preço de R$ 220, ele recorreu a internet para criar uma solução para criar uma máquina que fornecesse gás a partir da gasolina e teve membros feridos. Ele comemora o fato de estar vivo e se arrende da ideia.