NA RÚSSIA

Ministro do Turismo sobre assédio de brasileiros: não morreu ninguém

Vários vídeos ganharam as redes sociais na última semana e as imagens mostram torcedores brasileiros na Rússia em cenas de assédio contra mulheres

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 26/06/2018 às 14:48
Foto: Reprodução
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Após a negativa repercussão de vídeos de brasileiros em assédio contra mulheres na Copa do Mundo da Rússia, o ministro do Turismo do Brasil, Vinicius Lummertz minimizou os casos. Nesta terça (26), em Moscou, o ministro afirmou que o caso não foi tão grave, já que não “morreu ninguém”. A informação é do portal UOL.

“(A repercussão foi grande) por causa das redes sociais, não pelo fato em si. Porque não morreu ninguém, ninguém foi assassinado. Perante o mundo real, eu entendo o simbolismo, mas o simbolismo não representa nada estatisticamente”, afirmou o ministro.

Diversos vídeos viralizaram nas redes sociais e as filmagens mostram brasileiros com mulheres estrangeiras pedindo que elas repitam palavras ofensivas em português, sem que tenha consciência do que está sendo dito. Os casos de assédio geraram uma onda de manifestações entre mulheres, celebridades e ativistas.

Vinicius Lummertz acredita que a repercussão dos assédios foi muito maior no Brasil porque o país vive uma era de intolerância e que os erros das pessoas não são mais perdoados. “Aqui existe um outro nível de tolerância com a falha humana. Perdemos completamente a tolerância com a falha humana no Brasil. Nós estamos em uma era, no Brasil, em que agimos como se as pessoas fossem obrigadas todas a serem perfeitas e ninguém pudesse cometer erros, o que é uma grande mentira”, afirmou.

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Segundo o ministro, os brasileiros deveriam estar preocupados com os números de assassinatos e de acidentes de trânsito que o país tem registrado. “As pessoas que agiram mal, elas agiram mal. Está errado, e aí? Qual o problema? Estão passando vergonha. Deviam estar preocupados com os 62 mil assassinados e recordes de acidentes de trânsito que temos no planeta. As pessoas estão se matando. Estamos preocupados com cinco pessoas que fizeram bobagem”, afirmou. “As pessoas se preocupam com tolices, bobagens cometidas por cinco ou seis pessoas em 70 mil (...) O Brasil é um país também adolescente na forma de avaliar as coisas”, completou.

O titular da pasta de Turismo disse ainda que os atos não são o comportamento do brasileiro. "Pessoas fazendo bobagens, mas são exceções, esse não é o comportamento do brasileiro (...) Tem 70 mil brasileiros aqui com comportamento absolutamente normal e, ao contrário, são muito agradáveis, abraçados por todos os russos. Evidentemente que pode haver pessoas que não têm um comportamento que é adequado ou até abobado, existem pessoas. Eu imagino que estejam arrependidas”, apontou.

Relembre

Um dos casos de assédio de maior repercussão aconteceu no domingo (17). Vídeos publicados nas redes sociais mostram um grupo de amigos brasileiros, alguns vestidos de verde e amarelo, ofendendo uma mulher estrangeira. Aparecem nas imagens o estudante Wallace Prado, são o advogado e ex-secretário de Turismo de Ipojuca, Diego Jatobá, o tenente da Polícia Militar de Santa Catarina, Eduardo Nunes, e o engenheiro civil Luciano Gil Mendes Coelho.

Nas imagens, eles cercam uma mulher estrangeira e pedem para tirar uma foto. De repente, começam a gritar palavras obscenas, ofendendo a moça, que visivelmente não estava entendendo o teor das palavras. As imagens ganharam repercussão no domingo (17).

O Ministério Público Federal no Distrito Federal abriu inquérito criminal para investigar os brasileiros que constrangeram uma mulher na Rússia ao fazê-la repetir, em vídeo, palavras em português de baixo calão referentes ao órgão genital feminino, sem que ela soubesse o significado. A Procuradoria avalia enquadrar o caso como crime de injúria.

De acordo com o MPF, as "investigações, requisitadas em regime de urgência e prioridade, permitirão a identificação detalhada dos brasileiros envolvidos".