PRECONCEITO

Povos de terreiro denunciam racismo religioso no STF

Recurso do Ministério Público do Rio Grande Sul, que prevê a proibição do sacrifício de animais, é denunciado como racismo religioso

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 08/08/2018 às 13:38
Diego Nigro/ JC Imagem
FOTO: Diego Nigro/ JC Imagem

A Rede de Mulheres de Terreiro e o Coletivo Juristas Negras realizaram, nesta quarta-feira (8), um ato para denunciar racismo religioso no Supremo Tribunal Federal. A mobilização foi promovida em protesto ao julgamento do recurso proposto pelo Ministério Público do Rio Grande Sul, que prevê a proibição do sacrifício de animais.

Em Pernambuco, o ato aconteceu em frente ao Ministério Público do Estado, no bairro de Santo Amaro, área central do Recife. De acordo com o pedido, a morte de animais em cerimônias religiosas configura maus-tratos. O resultado do julgamento poderá proibir a prática em casas de candomblé, umbanda e jurema sagrada em todo país.

Vera Baroni, advogada da Rede de Mulheres de Terreiro, os coletivos denunciam racismo religioso já que outras religiões também realizam a sacralização. “O que o Ministério Público do Rio Grande do Sul não diz é que outras religiões também têm em sua ritualística a sacralização de animais, por exemplo, os judeus e os mulçumanos”, criticou a militante.

Prática não é abate

De acordo com a advogada, a prática, que acontece há muitos anos, não configura abate. “Abate se faz nos matadouros. Na verdade, nós oferecemos não só à nossa comunidade como aos nossos orixás parte de animais que nós consideramos sagrados”, destacou.

Durante o ato, membros de diferentes movimentos sociais apoiaram as ações dos povos de terreiro. Com o protesto, os coletivos receberam um memorial da defensoria pública da união e um parecer favorável a prática da sacralização da procuradoria federal dos direitos do cidadão.