ENTREVISTA

Proposta de tirar brasileiros do SPC viralizou graças a adversários, diz Ciro

“Acharam que eu tinha dado o queixo para bater, fazendo uma promessa mentirosa”, disse em entrevista à Rádio Jornal Caruaru. Candidato pelo PDT, Ciro Gomes evitou comentar empate com Marina Silva

Maria Luiza Falcão
Maria Luiza Falcão
Publicado em 06/09/2018 às 12:53
Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
FOTO: Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem

O candidato a presidente pelo PDT, Ciro Gomes, associou a repercussão da sua proposta de tirar mais de 60 milhões de endividados das listas do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) ao fato dos outros candidatos terem achado que era uma ‘proposta falsa’. Ciro fala ainda que parcelam seriam, em média, de R$ 40. Apesar de festejar o que chamou de sucesso da proposta, o candidato evitou comentar a pesquisa em que aparece empatado com a candidata Marina Silva (Rede).

Endividados e desempregados

“Eu tenho muita dor com o fato de 13 milhões de brasileiros estarem desempregados, eu não consigo abrir a boca sem lembrar disso. O Brasil tem 32,8 milhões de brasileiros vivendo de bico, empurrados para a informalidade e 63 milhões de pessoas humilhadas no SPC e eu tô propondo coisas práticas a esse povo a quem devo a minha vida”, disse. “Sou nordestino, conheço a dor de perto do nordestino como nenhum outro dos candidatos e, talvez, o povo gradualmente vá perceber isso”, afirmou.

Mais de 60% das famílias brasileiras estão endividadas

Nome limpo

Sobre a proposta de retirar o nome dos brasileiros endividados do SPC, Ciro afirma que os demais candidatos acreditaram que era um blefe. “Isso virou uma sensação na campanha, basicamente, porque meus adversários não pararam para estudar e acharam que eu tinha dado o queixo para bater, fazendo uma promessa mentirosa. Quem me conhece sabe que eu sou um homem de cumprir palavra”, disse. De acordo com o candidato, a proposta é inspirada em ações semelhantes realizadas em outros países e “não tem nenhuma dificuldade”.

Para Ciro, não há mistério em resolver o endividamento do Brasil. “Eu fui estudar o assunto e isso funciona no ambiente de restaurar a atividade econômica, restaurando o consumo das famílias”, diz. “Se as famílias consomem, o comércio vende, a indústria produz e aparecem os impostos para o governo educar o povo, enfrentar a violência. Aparecem também os empregos, que é o que eu mais quero”, afirma. “O consumo das famílias do Brasil está colapsado porque tem 13,7 milhões de desempregados, 32,8 milhões vivendo de bico e 63 milhões de negativados”, diz.

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Ciro afirma que a maior parte da dívida média do brasileiro, que gira em torno de R$ 4 mil, vem de juros, multas e o que ele chamou de “abusos contra a população frágil”. “Nos próprios leilões do Serasa, os órgãos de proteção ao crédito concedem desconto de até 80%. E eu posso conseguir muito mais”, diz. Ciro fala ainda que parcelam seriam de R$ 40.

Empatado com Marina

Na pesquisa Ibope divulgada nessa quarta-feira (5), Ciro Gomes subiu três pontos percentuais em relação ao último levantamento do instituto, publicado no dia 20 de agosto. O pedetista saiu dos 9% e chegou a 12%, o mesmo índice de Marina Silva. Os dois aparecem atrás do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), que marcou 22%, e à frente de Geraldo Alckmin (PSDB), que tem 9%, de Fernando Haddad (PT), que tem 6%.

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“Pesquisa para mim é um retrato de momento e a vida não é retrato, a vida é filme. E esse filme ainda vai reservar a nós todos brasileiros muitas emoções. E espero que no fim tenha um final feliz. Mas eu não costumo comentar pesquisa para além disso”, disse.