CASO ALDEIA

Acusados de matar médico em Aldeia tentaram destruir provas, diz justiça

A viúva e o filho do médico Denirson Paes da Silva estão presos acusados de matar o cardiologista no condomínio em que a família morava em Aldeia

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 27/09/2018 às 15:05
Reprodução/ Facebook
FOTO: Reprodução/ Facebook

Uma nova informação sobre o caso do Denirson Paes da Silva, de 54 anos, complica ainda mais a defesa dos acusados de assassinar o cardiologista em Aldeia, Camaragibe. Segundo a Polícia Civil, a viúva e o filho mais velho do médico tentaram destruir provas do crime para atrapalhar as investigações. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (27) no Diário de Justiça Eletrônico, que também traz novos detalhes da denúncia contra os acusados, segundo apurou o blog Ronda JC.

“Os denunciados tentaram obstruir os resultados das perícias, porque usaram cloro de forma excessiva no local em que foi feita a perícia com luminol e também no local onde o corpo foi esquartejado. Acrescente-se ainda que os acusados ainda podem pôr em risco a instrução penal, uma vez que houve uma rasura de um documento atribuída à acusada Jussara, visando a confundir a investigação criminal. Por fim, como terceiro motivo que os denunciados podem obstacularizar a instrução criminal, verifica-se uma relação de hierarquia entre os denunciados e as testemunhas que, ou são empregados da família, ou são membros da família, como é o caso de Daniel, filho de Jussara e irmão de Danilo”, afirmou a juíza Marília Falcone Gomes, da Comarca de Camaragibe, para justificar os motivos da prisão preventiva dos acusados.

A decisão é do dia 31 de agosto deste ano, mas só foi revelada nesta quinta-feira (27), porque o processo estava em segredo de Justiça.

Outro detalhe da investigação, ainda não revelado, é sobre uma conversa entre o médico e a empregada doméstica da residência. Ele teria revelado que iria se separar e que ela iria trabalhar na nova casa dele. As informações, colhidas pela polícia, também foram anexadas à decisão judicial sobre a prisão preventiva:

“Ocorre que, em virtude do seu relacionamento afetivo com (outra mulher), o denunciado estava se separando da primeira denunciada, deixaria o lar e residiria no apartamento de sua propriedade. No dia 29 (de maio), chegou a conversar com a empregada doméstica do casal e ajustar os dias de trabalho da mesma na sua nova residência. Por não aceitar o término do relacionamento, bem como, em virtude de interesse patrimonial, os denunciados se uniram para, na madrugada do dia 30 para 31 (de maio), sem que a vítima jamais esperasse tamanha agressão, matarem-na mediante asfixia por esganadura. Após atingir o intento criminoso, os denunciados promoveram o esquartejamento do corpo e conduziram-no até a cacimba, lançando-o ao fundo, na tentativa de ocultá-lo e impedir que o crime fosse elucidado.”

Relembre o caso

O cardiologista Denirson Paes da Silva, de 54 anos, foi visto pela última vez no dia 31 de maio chegando em sua residência. No dia 20 de junho, a esposa do médico havia registrado um boletim de ocorrência relatando o desaparecimento dele. Após investigações, a polícia desconfiou de Jussara e do filho mais velho do casal, Danilo Paes, e solicitou um mandado de busca e apreensão no condomínio onde a família morava. Lá, foram encontrados os restos mortais do cardiologista, no dia 4 de julho.

No dia 5 de julho foi decretada a prisão temporária dos dois. Jussara segue na Colônia Penal Feminina do Bom Pastor e o filho mais velho, Danilo Paes, de 23 anos, também acusado do crime, está no Centro de Triagem de Abreu e Lima (Cotel).

Após inicialmente ter negado, a farmacêutica Jussara Paes Rodrigues, de 55 anos, confessou, em depoimento à Polícia, o assassinato e ocultação do cadáver do cardiologista Denirson Paes. Ela afirmou que fez tudo sozinha e sem a ajuda do filho mais velho do casal, Danilo, de 23 anos.

No dia 14 de setembro, a reprodução simulada da morte do médico Denirson Paes da Silva comprovou a autoria da farmacêutica Jussara Paes, 55, no assassinato do marido. A reconstituição, porém, não descarta a participação do filho mais velho do casal, Danilo Rodrigues, 23, também apontado como autor do crime. Ao todo, foram mais de 10h de trabalho até que todas as alternativas possíveis do crime fossem verificadas.

Durante mais de quatro horas de simulação, nove peritos criminais da Polícia Científica estiveram no local refazendo os passos dos suspeitos no dia 31 de maio, data da morte do cardiologista. O resultado pericial da reprodução será divulgado em até 30 dias pela Polícia Civil.