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Polícia procura grupo responsável por agressão à mulher após discussão política

A mulher denunciou ter sido agredida porque estava usando bottons com a frase Ele Não, que critica o candidato Jair Bolsonaro, e adesivos em apoio à Ciro

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 11/10/2018 às 16:24
Reprodução/ Facebook
FOTO: Reprodução/ Facebook

Após o primeiro turno das eleições, os relatos de agressões por motivação política cresceram em todo país. No Recife, uma funcionária pública foi agredida em um bar, no bairro de Cajueiro, na Zona Norte do Recife, no último domingo (7) após ser identificada com bottons e adesivos em apoio ao movimento “Ele Não”, que critica Jair Bolsonaro (PSL), e ao então candidato à presidência Ciro Gomes, do PDT.

A mulher prestou depoimento à delegada Morgana Alves, da Diretoria Integrada Metropolitana da Polícia Civil, nesta quinta-feira (11), no edifício sede da Polícia Civil, na Rua da Aurora, no bairro da Boa Vista, área central do Recife.

Segundo a delegada, a vítima relatou que estava acompanhando a apuração dos votos com os adereços quando começou a ser provocada pelos homens, que estavam outra mesa, e ela foi justificar o motivo de não ter votado no candidato do grupo. “Após essa discussão acalorada chegou uma mulher e agrediu. Começou a desferir socos nela, agrediu fortemente e depois desse fato ela caiu e esqueceu do que tinha acontecido devido à quantidade de socos”, contou.

Ainda de acordo com a delegada, os agressores ainda ficaram questionando o amigo da produtora se ele já tinha visto uma arma, o que gerou um medo maior nas vítimas. Os agressores foram gravados pela vítima, mas a mulher que espancou quebrou o celular da produtora. No total, quatro pessoas estariam envolvidas no crime.

A produtora só conseguiu se salvar após um dos funcionários do estabelecimento levar a mulher até a cozinha do bar e esperar que o grupo fosse embora. Ela só saiu do local quando estava em segurança.

As investigações vão continuar para tentar identificar os suspeitos do caso. O grupo pode responder pelos crimes de ameaça e lesão grave. “Ele teve motivação política, mas não se pode dizer que vai ter [autuação] por crime político”, contou a delegada.

Confira os detalhes na entrevista da delegada:

Agressão

De acordo com o laudo médico, a mulher sofreu uma fratura no punho esquerdo, múltiplos traumatismo na cabeça, no rosto e no braço esquerdo, lesões graves causadas por uma série de agressões. Ela recebeu alta hospitalar nesta quarta-feira (10).

“No final, eu lembro de, pelo menos, uns três funcionários tentando separar e a pessoa que estava comigo também estava comigo, que também saiu machucada com um corte na cabeça e alguns hematomas no rosto, e os três homens não deixaram que separassem, não deixavam tirar a mulher de cima de mim”, contou a vítima.

Veja as imagens:

Para a cientista política, Priscila Lapa, esse clima de ódio não deve ser considerado normal e precisa ser contido o quanto antes pelas instituições públicas. "As pessoas estão saindo da esfera da política, de você combater as ideias um adversário. Elas elegeram um inimigo. Então, qualquer pessoa que se manifeste contra o que você acredita, que você defenda como verdade, se torna um inimigo. É uma responsabilidade muito grande de quem está na disputa agora de não aumentar esse tom, de trazer para um tom de normalidade. O que é normal em uma disputa acirrada? Que as pessoas combatam com ideias", afirmou.

Ela ressalta ainda que as vítimas devem denunciar as agressões e, principalmente, os agressores.