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Em seis meses, 745 tiroteios deixaram 571 mortos na RMR

Os dados são do aplicativo 'Fogo Cruzado' na RMR que ainda analisou e repercutiu dados da SDS de homicídios em setembro

Antônio Gabriel Machado
Antônio Gabriel Machado
Publicado em 16/10/2018 às 14:36
Pixabay/Ilustração
FOTO: Pixabay/Ilustração

O aplicativo colaborativo 'Fogo Cruzado', em balanço apresentado nesta terça-feira (16) no auditório do CFCH da Universidade Federal de Pernambuco, apontou 745 tiroteios na RMR nos últimos seis meses, com 571 pessoas mortas e outras 273 feridas. Os números foram repercutidos e comparados com dados da Secretaria de Defesa Social (SDS), que apresentou uma diminuição no número de homicídios no mês de setembro.

"A relação disso com a letalidade dos disparos de arma de fogo é algo impressionante, isso mostra que temos que ter controle com a arma de fogo e política de controle, reduzindo estoque e disponibilidade", disse José Luiz Ratton, professor de sociologia e coordenador do aplicativo.

Entre as vítimas fatais apresentadas pelo aplicativo, 538 eram homens e 33 mulheres. No entanto, a maioria dos casos de mulheres mortas aconteceram dentro da casa das vítimas, aumentando a possibilidade de feminicídio.

"Outra coisa importante é perceber o número de notificações que recebemos de residências, mostrando que a presença de armas de fogo dentro de residências pode produzir muitos mortos e feridos. Certos territórios e localidades também mostram maior ocorrência, que coincidem com disparos duplos ou triplos de armas de fogo, mostrando padrões de violência organizada", comentou Ratton.

Secretaria de Defesa Social aponta redução no número de homicídio em PE

Ainda durante o evento, os números apresentados pela SDS foram repercutidos e debatidos. Segundo os dados, houve uma redução de 22% no número de mortes no último mês de setembro se comparado com o mesmo período do ano passado. No entanto, a média de 10,6 pessoas mortas por dia ainda é considerada altíssima.

"Não podemos brigar com os dados, nem quando crescem e nem quando caem. A questão colocada é a seguinte: se houve um conjunto de alterações que iniciou a redução da violência, por qual motivo isso não foi feito antes? Em 2014, 2015, 2016 e 2017, a criminalidade cresceu. Eu atribuo essa redução a maior capacidade de investigação da Polícia Civil", afirmou Ratton.

A maneira como é feito o levantamento da SDS ainda foi questionada por Ratton. "A SDS não divulga os dados, divulga um número absoluto por município sem nenhum detalhamento. Os dados nossos nos permitem entender onde aconteceu o evento, no dia e na hora que aconteceu, com todo o detalhamento possível, de envolvidos e ocasião. É um conjunto de informações que pode ajudar as políticas públicas de segurança", concluiu.

'Fogo Cruzado'

O aplicativo colaborativo 'Fogo Cruzado' está disponível gratuitamente nas plataformas de Android e IOS.