O QUE VEM DEPOIS DO VOTO

Direita se fortaleceu com redes sociais e mudança dos evangélicos

Para cientista político, voto dos evangélicos mudou na última década. Partido de Bolsonaro, de direita, cresceu mais de 1.000% na Câmara fortalecido por antipetismo e redes sociais

Rafael Souza
Rafael Souza
Publicado em 17/10/2018 às 10:11
Fernando Frazão/ Agência Brasil
FOTO: Fernando Frazão/ Agência Brasil

Nas eleições de 2018, a chamada “bancada da bala” cresceu cerca de 70%. O avanço foi garantido pela vitória de aliados de Jair Bolsonaro (PSL). Para o cientista político Adriano Oliveira, da UFPE, o fortalecimento da direita vem pelo alcance de mensagens enviadas pelas redes sociais, com destaque para Whatsapp, e a mudança da postura do eleitorado evangélico, que apoiou o PT em eleições anteriores.

A reportagem especial “Novo Cenário Político: o que vem depois do voto” analisa as mudanças políticas no país. Escute a primeira das três matérias feitas pelos repórteres Natália Hermosa e Rafael Souza.

Marcha conservadora

Para o cientista político Adriano Oliveira, o conservadorismo não é algo novo na política brasileira. Mas o crescimento desse movimento está ligado ao uso das redes sociais e a mudanças de posicionamento político dos evangélicos.

Em 2018, a Câmara Federal teve uma renovação de 52%, a maior dos últimos 20 anos. O protagonista dessa mudança foi o PSL, que passou de um parlamentar na câmara federal em 2015, pra 52 no ano que vem. No Senado, o partido não tinha nenhum representante e em 2019 terá quatro.

O estado de Pernambuco seguiu a tendência nacional e renovou 51% das cadeiras na Assembleia Legislativa. A mudança, contudo, foi mais influenciada pela força estadual do PSB que reelegeu o governador Paulo Câmara no primeiro turno.

Na Alepe, a bancada feminina cresceu. Apesar disso, o perfil da casa permanece concentrado em políticos homens e da política tradicional. Para a cientista política Priscila Lapa, as estruturas partidárias continuam com perfil extremamente patriarcal.

Na Câmara dos Deputados a fragmentação partidária aumentou e agora são 30 partidos. O PT segue com a maior bancada, com 56 parlamentares. No processo eleitoral, a maioria dos partidos seguiu a cartilha da direita, com apelo conservador.

No entanto, ainda é cedo pra afirmar que esse perfil ditar o ritmo das votações a partir do ano que vem. Para a cientista política Priscila Lapa, a esquerda brasileira ainda pode se reconstruir.

A resistência das minorias

A segunda reportagem da série “Novo cenário político: o que vem depois do voto” será transmitda nesta quinta-feira (18), na Rádio Jornal, e mostra a resistência das minorias nos parlamentos nacional e estadual.