Brasília

Moro aceita convite de Bolsonaro para assumir superministério da Justiça

O nome do juiz federal vinha sendo especulado na última semana depois do presidente Jair Bolsonaro mencioná-lo

Antônio Gabriel Machado
Antônio Gabriel Machado
Publicado em 01/11/2018 às 11:12
José Cruz/Agência Brasil
FOTO: José Cruz/Agência Brasil

Nesta quinta-feira (1), após reunião com o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), Sérgio Moro aceitou o convite para assumir o superministério da Justiça, que, com a fusão das pastas, agregará também o da Segurança Pública. O anúncio deverá ser feito através de uma nota divulgada pelo magistrado, detalhando os termos da proposta que aceitou.

O nome do juiz federal vinha sendo especulado na última semana depois de Bolsonaro mencioná-lo como possível nome para assumir a Justiça ou ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal.

Moro deixou o condomínio onde mora o ex-militar às 10h45, após cerca de 1h30 de reunião. Na saída, chegou a se aproximar da imprensa, mas, diante do tumulto no local, não deu nenhuma declaração.

Bolsonaro se pronuncia

Após o encontro com o juiz Sérgio Moro, o presidente eleito falou à imprensa. para Bolsonaro, quem ganha com a "agenda positiva e o nome de peso do juiz" é o Brasil. "Agora ele não vai combater a corrupção apenas no âmbito da Lava Jato, mas em todo o Brasil", disse. Sobre o sentimento do juiz após aceitar o convite, Bolsonaro disse que era como "um jovem universitário recebendo um diploma". "Ele está muito animado em levar adiante a sua agenda e isto me deixou muito feliz", completou. De acordo com o presidente eleito, o juiz Sérgio Moro vai participar da transição entre o Governo Temer e o futuro governo.

Sobre a segurança pública, o presidente eleito assumiu que Moro não entende do assunto, mas poderá tomar boas decisões, se bem assessorado. "Obviamente não é uma especialidade dele a segurança pública, mas bem assessorado e com a inteligência que lhe é peculiar, ele vai tomar as decisões adequadas nessa área", afirmou.

Encontro com Bolsonaro

Durante o voo para o Rio de Janeiro, onde foi encontrar Bolsonaro, o juiz falou com a Rede Globo, que o acompanhou na viagem. Segundo o G1, o magistrado afirmou que a motivação de seu encontro com o presidente eleito se dá em razão de o País precisar de uma agenda anticorrupção e anticrime organizado. A proposta era uma das condições para o magistrado aceitar o cargo. “Se houver a possibilidade de uma implementação dessa agenda, convergência de ideias, como isso ser feito, então há uma possibilidade. Mas como disse, é tudo muito prematuro”, disse Moro à reportagem.

Na tarde desta quarta-feira, 31, a colunista Sonia Racy, do Estadão, disse que Moro aceitaria o convite de Bolsonaro porque assumiria um ministério da Justiça ampliado.

Moro já havia admitido a possibilidade de aceitar a proposta, caso o convite fosse feito oficialmente. Segundo ele, tudo dependeria de "conversar para ver se há convergências importantes e divergências irrelevantes". Uma das condições do juiz federal do Paraná seria a implementação de uma agenda anti-corrupção e de combate ao crime organizado.

Veja a nota de Moro

Fui convidado pelo Sr. Presidente eleito para ser nomeado Ministro da Justiça e da Segurança Publica na próxima gestão. Apos reunião pessoal na qual foram discutidas politicas para a pasta, aceitei o honrado convite. Fiz com certo pesar pois terei que abandonar 22 anos de magistratura. No entanto, a perspectiva de implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, com respeito a Constituição, a lei e aos direitos, levaram-me a tomar esta decisão. Na pratica, significa consolidar os avanços contra o crime e a corrupção dos últimos anos e afastar riscos de retrocessos por um bem maior. A Operação Lava Jato seguira em Curitiba com os valorosos juízes locais. De todo modo, para evitar controvérsias desnecessárias, devo desde logo afastar-me de novas audiências. Na próxima semana, concederei entrevista coletiva com maiores detalhes.

Curitiba, 01 de novembro de 2018.
Sergio Fernando Moro