O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, criticou nesta segunda-feira (19) o debate acalorado sobre a violência no Brasil, em especial, sobre a pena de morte. Em comentário sobre o excludente de ilicitude, bandeira de campanha de Jair Bolsonaro (PSL), o ministro disse que os policiais não estão de braços atados: “É exagero dizer que o policial não tem autodefesa”, declarou, em entrevista à Rádio Jornal. Escute a entrevista na íntegra no áudio abaixo.
Políticas de segurança
Raul Jungmann criticou o “sensacionalismo” em cima da pauta da segurança: “Pena de morte não pode, existe o direito da vida, é cláusula pétrea. Não existe dizer que ver uma pessoa de fuzil e matar ela. Não existe amparo legal”, falou em indireta ao governador eleito do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). “Quando o político diz, o povo gosta, mas isso não resolve o problema”, declarou.
Jungmann também defendeu a permanência da Segurança Pública com um ministério exclusivo, na contramão de Bolsonaro que vai integrar à pasta ao Ministério da Justiça: “Era bom não concentrar os dois temas em um mesmo ministério. Você tem que ter foco”, comentou.
Sobre Sérgio Moro, futuro ministro da Justiça e Segurança Pública de Bolsonaro, Jungmann disse que já tem uma relação com o futuro ministro por conta do cargo e que já colocou uma sala à disposição, além do contato de toda a equipe.
Raul Jungmann defendeu o legado da segurança na gestão de Michel Temer (MDB): “Em 8 meses e meio criamos o ministério e o Sistema Único de Segurança Pública e fixamos uma política nacional pela primeira vez, com 10 anos para execução”, defendeu.
Caso Marielle Franco
Mais de oito meses após o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), o caso segue sem respostas concretas sobre o mandante do crime. Jungmann diz que o esforço atual é descobrir quem está atuando para atrapalhar o caso: “A Polícia Federal investiga agora o complô que atrapalha descobrir a verdade sobre o assassinato brutal de Marielle”, explicou sem definir datas.
Crime organizado
O ministro da Segurança defende a tese de que o crime em todo o Brasil é comandado de dentro dos presídios. Para a ele, a política do encarceramento em massa é errênea: “Quem cometeu crime tem que pagar, mas nem sempre é em regime fechado. Quando se cai no presídio, cai nas garras do crime organizado e não sai mais”, alertou e lembrou que no Brasil, 40% dos detentos estão em prisão provisória, sem julgamento.