Política

Queiroz diz que dinheiro em sua conta vinha da revenda de carros

O ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro, filho do presidente eleito Jair Bolsonaro, concedeu entrevista pela primeira vez depois que o assunto veio a público

Júlio Cirne
Júlio Cirne
Publicado em 26/12/2018 às 19:29
Foto: Reprodução / SBT
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Fabrício Queiroz, motorista e ex-assessor do do senador eleito Flávio Bolsonaro, filho do presidente eleito Jair Bolsonaro, concedeu entrevista ao SBT na noite desta quarta-feira (26) e disse que o dinheiro identificado como "movimentações atípicas" pelo Coaf vem de negócios pessoais dele, que alegou trabalhar com compra e venda de carros. A entrevista é a primeira de Queiroz desde que o assunto veio a público. O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) identificou movimentações na importância de R$ 1,2 milhão nas contas do motorista num período de 13 meses.

"Eu sou um cara de negócios. Eu faço dinheiro, compro, revendo, compro, revendo, compro carro, revendo carro... Sempre fui assim, gosto muito de comprar carro de seguradora, na minha época lá atrás, comprava um carrinho, mandava arrumar, revendia, tenho uma segurança", disse Queiroz, que não compareceu duas vezes para prestar depoimento ao Ministério Público.

Entre as movimentações, o Coaf identificou um depósito do motorista, no valor de R$ 24 mil, na conta da futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

No início de dezembro, Jair Bolsonaro alegou que o depósito do ex-assessor do filho na conta de sua esposa era parte do pagamento de uma dívida, no valor total de R$ 40 mil. A dívida de Queiroz seria com o próprio Jair Bolsonaro. O presidente eleito disse que o ex-assessor fez o pagamento na conta de Michelle "por questões de mobilidade". Bolsonaro disse ainda que não tem tempo de ir ao banco em função de sua rotina de trabalho.

Coaf

Segundo informado pelo Coaf, nove assessores e ex-assessores de Flávio Bolsonaro repassaram dinheiro para o motorista. O órgão informou também que a esposa e uma das filhas de Queiroz também depositaram recursos na conta do ex-assessor. Só Nathalia Melo de Queiroz, a filha, repassou R$ 97.641,20 para a conta bancária do pai. Esse foi um dos pontos que ele não quis detalhar na entrevista ao SBT e disse que vai explicar as movimentações ao Ministério Público.

O motorista disse que sua renda mensal ficava em torno de R$ 23 mil ou R$ 24 mil, sendo que "cerca de R$ 10 mil" vinha do salário como assessor de Flávio Bolsonaro e o restante era resultado de sua remuneração como policial. Em nota divulgada na última sexta-feira (21), Flávio Bolsonaro disse que "não é investigado" e que "não fez nada de errado".