Sertão

Pela 3ª vez em dois meses, aldeia Pankararu é incendiada

A principal suspeita é de que o incêndio tenha sido um ato criminoso. O território Pankararu já foi atingido por outros incêndios

Júlio Cirne
Júlio Cirne
Publicado em 27/12/2018 às 15:46
Foto: Reprodução/Povo Pankararu/Instagram
FOTO: Foto: Reprodução/Povo Pankararu/Instagram

Em menos de dois meses, a aldeia de Bem Querer de Baixo, no território Pankararu, em Jatobá, Sertão de Pernambuco, foi alvo pela terceira vez de incêndio. Desta vez, a escola estadual indígena José Luciano, na Aldeia Caldeirão, que também passa por processo de desintrusão de posseiros, foi destruída.

Pelas redes sociais, o povo Pankararu se pronunciou e disse que vai permanecer em vigilância constante para proteger a igreja da comunidade até que o Estado, além da polícia e Justiça, exerçam o trabalho. Os indígenas acrescentaram ainda que estão sendo atacados onde eles são mais frágeis, que é na saúde, educação e fé.

O primeiro ataque foi no dia 28 de outubro, quando a aldeia teve a escola municipal e a única unidade de saúde destruídas por um ataque criminoso. O segundo, que ocorreu no último dia 8 e também foi classificado como criminoso, teve a igreja da comunidade totalmente incendiada.

Investigações

Em nota, a Polícia Federal informa que a investigação está sendo feita em Salgueiro, também no Sertão de Pernambuco, e que peritos foram enviados ao local para a realização dos trabalhos na área do incêndio. A PF acrescentou ainda que o inquérito policial será instaurado e logo em seguida serão ouvidas as testemunhas. A equipe da Rádio Jornal tentou contato o Ministério Público, mas não obteve retorno. Confira a reportagem de Bruna de Oliveira.

Ouça:

História

A reserva foi criada em 1942, desde que a Fundação Nacional do Índio (Funai), observou a existência de povo indígena no local. Há mais 30 anos foi travada uma batalha judicial para a retirada da população que não é da mesma etnia. A última decisão de desocupação dos posseiros saiu no dia 8 de março deste ano. São mais de 70 anos de luta judicial para que os Pankararu tenham posse total do território.