PROTEÇÃO

Mulher é suspeita de manter filha de 11 anos em cárcere privado

A mulher sofre de transtornos mentais e impedia a filha de ter acesso à educação e qualquer contato com a vizinhança

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 05/02/2019 às 13:04
Cortesia/ Conselho Tutelar
FOTO: Cortesia/ Conselho Tutelar

O Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA) investiga uma denúncia de um suposto cárcere privado em que a vítima seria uma criança de 11 anos, que era mantida trancada em casa, no bairro de Santo Amaro, área Central do Recife. De acordo com o conselheiro tutelar Thalles Pitter, a mãe da garota deixava a filha em total confinamento, sem acesso à educação ou qualquer contato com a vizinhança.

Várias denúncias chegaram ao Conselho Tutelar do bairro, que acompanhava a família desde 2016. “Recebemos uma denúncia na semana passada em que essa família havia retornado desde 2018 e que essa criança estava sem estudar e também não tinha contato com ninguém da rua, com crianças, eles não saíam de dentro de casa. Havia um confinamento que caracteriza o cárcere privado”, disse Thalles.

Ainda segundo ele, na última sexta-feira (1º), foi até a casa para averiguar se as informações prestadas nas denúncias coincidiam com a situação. Na residência, coberta por panos que impediam a passagem de qualquer raio solar ou de olhares dos vizinhos, estavam a mãe e a criança.

Ao presenciar a situação, a Polícia Militar foi acionada e, após três horas para chegar no local, disse não poder fazer nada, pois “não havia consistência” na denúncia feita pelo conselho.

Na segunda-feira (4), o pai da criança, que é separado da mulher, conseguiu entrar na casa e tirar a menina do local. O homem fez a denúncia na DPCA, nesta terça-feira, denunciando a situação em que a criança vivia.

Segundo Thalles, o pai da criança disse que tinha interesse em ficar com a criança. A criança e os seus pais estão sendo ouvidos pela equipe técnica do DPCA e a menina retornará para o Conselho Tutelar em seguida.

A mãe da criança sofre de transtornos mentais e era acompanhada pelo Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). “Desde o início que a conversa, o diálogo com ela é sem nexo (...) Ela era acompanhada pelo CAPS. Em relação à criança a nossa preocupação é que a gente notou a criança muito triste, pedindo ajuda, a criança nos relatou situações muito fortes”, lamentou o conselheiro tutelar.

A menina, retraída e de pouca fala, segundo comentou o conselheiro, prestou depoimento à equipe técnica, que registrou o relato.

Histórico de transtornos

A família recebia acompanhamento do Conselho Tutelar desde 2016. Neste ano, a suspeita de cometer o crime de cárcere privado recebia cuidados no Centro de Atenção Psicossocial (Caps). “Em 2017 o avô da garota decidiu levá-las para Alagoas, onde ele mora. Como de praxe, encaminhamos o acompanhamento para o Conselho Tutelar do bairro onde iriam residir”, conta Pitter.

Foi perdido o controle da situação quando a mãe e a garota retornaram ao Recife e os órgãos daqui não foram avisados pelos do outro Estado. “Elas voltaram em 2018, mas só ficamos sabendo semana passada, quando começaram a chegar as denúncias”, esclareceu.
O caso também será registrado no Ministério Público. “A criança diz que quer ficar com o pai. Levaremos a denúncia ao MPPE que tomará as decisões cabíveis a esse tipo de caso”, pontua Thalles.