RIO DE JANEIRO

Militares atiram 80 vezes contra carro de família e deixa homem morto

Segundo o delegado que investiga o caso, os militares teriam confundido o veículo com o de assaltantes

Pedro Guilhermino Alves Neto
Pedro Guilhermino Alves Neto
Publicado em 08/04/2019 às 10:19
Foto: Reprodução/Twitter
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Na tarde do último domingo (7), um carro no qual estava uma família, incluindo um menino de 7 anos, foi alvo de mais de 80 tiros disparados por militares no bairro de Guadalupe, Zona Norte do Rio de Janeiro. Na ocasião, uma pessoa morreu e duas ficaram feridas.

A vítima fatal foi o músico Evaldo Rosa dos Santos, de 51 anos. Seu sogro ficou ferido, assim como um homem que se aproximou do veículo tentando ajudar. Já a mulher, a afilhada e o filho mais novo do músico nada sofreram fisicamente. A dor emocional, por outro lado, foi grande. "Ele só repete: 'cadê meu pai?' E eu não tenho resposta", disse Daniel Rosa, de 29 anos, ao jornal O Globo. O entregador, que não estava no carro com a família, é filho mais velho de Evaldo, e referia-se ao estado do irmão de 7 anos após testemunhar a morte do pai.

"Eles (os militares) têm que ser presos. Como pode fazer uma coisa dessas? Meu pai era um cara do bem, nunca fez uma maldade contra ninguém. E morrer assim? Com o carro cheio de tiros. Essa gente não pode ter arma na mão. São despreparados", afirmou Daniel ao jornal.

Confira o momento da abordagem:

Investigação

O caso está sob investigação do Comando Militar do Leste (CML), que diz que está colhendo depoimentos dos militares envolvidos na ação e tenta localizar e ouvir testemunhas civis. O delegado da Delegacia de Homicídios (DH) da capital, que também apura a morte, afirmou, no domingo, em entrevista a TV Globo, que "tudo indica" que os agentes do Exército atiraram ao confundirem o carro com o de assaltantes.

"Foram diversos, diversos disparos de arma de fogo efetuados, e tudo indica que os militares realmente confundiram o veículo com um veículo de bandidos. Mas neste veículo estava uma família. Não foi encontrada nenhuma arma [no carro]. Tudo que foi apurado era que realmente era uma família normal, de bem, que acabou sendo vítima dos militares", explicou o delegado em entrevista à TV Globo.