O Procurador Regional da República Wellington Cabral Saraiva, em entrevista nesta sexta-feira (6) ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, criticou a indicação do subprocurador-geral Augusto Aras para comandar a Procuradoria Geral da República (PGR), posto máximo do Ministério Público Federal (MPF) no país. A indicação aconteceu nessa quinta-feira (5), através do presidente Jair Bolsonaro.
Segundo Saraiva, houve uma frustração dentro do MPF pela decisão do presidente em deixar de lado a tradicional lista tríplice elaborada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), e que havia escolhido, em primeiro lugar, o subprocurador-geral Mário Bonsaglia.
“A nossa bandeira sempre foi a de que o presidente nomeasse um Procurador Geral observando a lista tríplice que o Ministério Público Federal fez. Não por um motivo corporativo, mas porque nesse processo de formação da lista tríplice, os candidatos se apresentaram a carreira, a imprensa e a sociedade, divulgaram suas plataformas de administração e disseram o que pretendiam fazer com o Ministério Público Federal nos próximos dois anos", afirmou.
Ele acredita que o fato do subprocurador ter sido escolhido fora da lista tríplice pode abalar a liderança de Aras perante o MPF.
“A maioria esmagadora da classe é contra a forma como houve essa indicação. Se ele for aprovado pelo Senado, entra com a capacidade de liderança altamente prejudicada. Ele, como qualquer outro que fosse indicado fora da lista, deverá ter dificuldades para montar uma equipe de qualidade no Ministério Público, já que o Procurador Geral da República não consegue administrar uma instituição complexa como a nossa, sozinho”, garantiu.
Lei de Abuso de Autoridade
O procurador também analisou a sanção da Lei de Abuso de Autoridade, que recebeu 36 vetos do presidente Bolsonaro. Para Saraiva, os vetos diminuem a péssima qualidade do projeto, que ainda continua com falhas, principalmente para o Poder Judiciário.
"Esse projeto tem um claro desejo de retaliação ao Ministério Público e a Polícia. Com os vetos, o presidente esteve muito sensível as necessidades das polícias, e se preocupou em eliminar os crimes que poderiam atrapalhar a atuação da polícia. Mas o presidente parece que não se preocupou muito com a atuação do Ministério Público e do Judiciário. Existe alguns crimes que são problemáticos para nós", apontou.
Ouça a entrevista na íntegra: