SAÚDE

Por conta do coronavírus, farmácias têm alta procura pela cloroquina

Pacientes que já usam a cloroquina no tratamento de outras doenças como lúpus estão tendo dificuldades para encontrar o remédio

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 30/03/2020 às 14:53
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FOTO: Stock.xchngforwardcom/Reprodução

A procura pelo sulfato de hidroxicloroquina aumentou nos últimos dias nas farmácias da Região Metropolitana do Recife. O motivo é que a cloroquina e a variação menos tóxica, a hidroxicloroquina, que são substâncias já usadas no tratamento da artrite, malária e lúpus, foram utilizadas em alguns pacientes com o novo coronavírus e apresentaram uma possível eficácia.

A busca pelo medicamento, que era vendido sem receita, quase dobrou. Pacientes que precisam estão enfrentando dificuldades para encontrar o remédio. É o caso da auxiliar de enfermagem Irajaí Beltrão, que usa o remédio há quase 20 anos. “Eu sofro de lúpus desde 2004, tomo a medicação e comprava sem nenhum problema porque é uma medicação com livre acesso. Agora depois dessa reportagem a dificuldade é imensa. Eu andei diversas farmácias até conseguir uma receita de uso controlado, em duas vias, para poder conseguir, e mesmo assim não é tão fácil”, desabafou. “As pessoas estão comprando e fazendo um estoque desnecessário”, reclamou.

Em uma farmácia no bairro do Derby, na área central do Recife, restam poucas unidades e cada caixa, com 30 comprimidos, custa em média R$ 90, como explica a gerente comercial do estabelecimento, Valéria Gomes. “Antigamente era um medicamento vendido com prescrição médica, mas não havia nenhum tipo de restrição à compra dele”, disse.

Anvisa muda regras

Para evitar a compra do medicamento por pessoas que não precisam, a orientação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é que, a partir de agora, a receita fique receita nas farmácias e drogarias. Os farmacêuticos também estão obrigados a anotar todas as entradas e saídas do remédio no estoque, além de registrar os dados dos compradores.

Segundo a Anvisa, até o momento não há estudos conclusivos que comprovem o uso da cloroquina e hidroxicloroquina para o tratamento do novo coronavírus. A agência reafirma ainda que a automedicação pode representar um risco à saúde.