COVID-19

"Última quinzena de abril e os dias de maio serão duros", diz André Longo sobre o coronavírus

O secretário participou do Debate da Super Manhã ao lado do secretário de Saúde do Recife, Jaílson Correia e do procurador Ernani Médicis

LOURENÇO GADÊLHA
LOURENÇO GADÊLHA
Publicado em 13/04/2020 às 15:51
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Em meio a pandemia do novo coronavírus, o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, o secretário de Saúde do Recife, Jaílson Correia, e o procurador Geral do Estado, Ernani Médicis, participaram do Debate da Super Manhã desta segunda-feira (13) e discutiram a crise na saúde pública provocada pela rápida disseminação da covid-19. Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), 1.154 pessoas já foram infectadas no estado, com 102 óbitos.

“São dias de muito trabalho para preparar Pernambuco para esses dias difíceis que ainda virão. A crise é sanitária, mas ela transcende a área da saúde pelos seus impactos socioeconômicos em diversas áreas do governo. A situação podia estar muito pior nesse momento e ser muito pior nos próximos dias se nós não tivéssemos adotado essas medidas duras de restrição. Última quinzena de abril e os dias de maio serão duros”, disse André Longo.

>> Conheça o perfil dos novos óbitos por coronavírus em Pernambuco

Ernani Médicis defendeu o isolamento social adotado por Pernambuco, afirmando que o estado segue a recomendação do protocolo oficial da Organização Mundial de Saúde (OMS), e, por isso, fica a cargo do governo federal as ações econômicas de combate à crise do coronavírus. "Não é uma questão de costume, de querer ou não querer. É uma responsabilidade imposta por uma recomendação internacional. É óbvio que ela provoca um problema social e econômico muito grande. Mas pela Constituição Federal cabe à União a política monetária do país. Só a União pode determinar a emissão de moedas, de títulos da dívida pública. Aos estados competem, na medida do possível, com arrecadação do seu imposto promover a assistência à saúde”, apontou

Investigação em Pernambuco

De acordo com o secretário André Longo, a atuação de Pernambuco em investigar todos os casos graves e óbitos em decorrência de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) faz com que o estado exponha números expressivos neste momento.

"Recebemos a informação que alguns estados têm mais de 600 óbitos ainda em investigação. Pernambuco, no dia de ontem, que é o último dado que temos, só tinha 16 óbitos em investigação. Isso por vezes faz com que nossos números sejam maiores agora. Os números também mostram que o epicentro da doença na nossa região está concentrado na Região Metropolitana, com destaque para o Recife, onde tem 60% dos casos, mas é preciso dizer também que é a região que está mais mobilizada para que a gente possa ter uma curva atenuada e menos íngreme, com menos pessoas precisando da rede hospitalar em menos tempo", afirmou.

Hidroxicloroquina

Já o secretário de Saúde do Recife, Jaílson Correia, ressaltou a necessidade de uma reflexão científica sobre o uso da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19. A utilização do medicamento vem sendo defendida pelo presidente Jair Bolsonaro mesmo sem evidências científicas sobre a eficácia do remédio.

"A ciência médica é feita de evidências científicas, estudos realizados ao longo do tempo e também de experiência negativas do uso precipitado de medicações que no primeiro momento pareciam promissoras. O que aconteceu foi uma politização do tratamento da covid-19, por meio da construção de uma narrativa simplificando o combate ao coronavírus”, disse Correia.

E complementou: “Nesse momento, parece que alguma evidência suporta o uso da hidroxicloroquina ou cloroquina em pessoas sintomáticas, especialmente aquelas que estão internadas em hospitais, mas nós precisamos enxergar esse assunto procurando a evidência científica para salvar vidas”.

Ouça o Debate da Super Manhã na íntegra: