COVID-19

Infectologista analisa estudo chinês que detectou partículas do coronavírus no ar

Vera Magalhães participou de entrevista à Rádio Jornal nesta terça-feira (28)

LOURENÇO GADÊLHA
LOURENÇO GADÊLHA
Publicado em 28/04/2020 às 14:26
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Em entrevista à Rádio Jornal nesta terça-feira (28), a infectologista Vera Magalhães comentou um estudo científico que vem sendo realizado na província de Wuhan, primeiro epicentro do coronavírus, que detectou partículas da Covid-19 no ar em algumas ruas e em áreas hospitalares, especialmente, nos banheiros dos hospitais e nos lugares em que havia troca de equipamentos. Nesses ambientes foram encontrados material genético (RNA) do vírus.

"Inicialmente, achava-se que o vírus Sars Cov-2 era transmitido apenas por gotículas de secreções respiratórias. É por isso que se orienta o distanciamento de pelo menos 2 metros e o uso de máscaras. Nesses locais onde tem produções de aerossóis, que é o caso de hospitais, existem vários procedimentos como nebulização e entubação. É por isso que tantos profissionais de saúde estão adoecendo. Nos hospitais, existe a produção desses aerossóis. Então o Sars Cov-2, que é o agente da Covid-19, pode ser transmitido tanto por gotículas, quanto por aerossol, o que torna o vírus ainda mais transmissível", detalhou.

Vera Magalhães também analisou a afirmação de um dos raros especialistas em coronavírus do Brasil, Eurico Arruda, professor de virologia da faculdade de Medicina da USP, em Ribeirão Preto, que disse que coronavírus pode permanecer no organismo de pessoas consideradas recuperadas da Covid-19 por um tempo ainda desconhecido.

"Existe um volume muito grande de informações sobre a doença, o que é normal, porque o impacto dela é incomparável. Nunca vivenciamos um quadro tão grave. Já é reconhecido que o vírus pode permanecer por um tempo prolongado durando semanas ou em alguns casos até meses, principalmente nas pessoas que têm infecções mais graves. Entretanto, não se sabe o papel da transmissibilidade, porque o fato da pessoa ter o RNA do vírus na nasofaringe ou na secreção respiratória, necessariamente não indica partículas virais eficazes na transmissão", explicou.

Cabelo

A infectologista alertou também para que os profissionais de saúde tenham cuidado com o cabelo. "Eles devem usar todos os equipamentos de proteção individual, os EPIs, um deles é a touca. Tem que usar e o profissional de saúde, seja homem ou mulher, deve lavar o cabelo diariamente pelo menos uma vez por dia. Não vejo o cabelo como uma fonte muito importante de transmissão não. O que eu acho é mais as vias respiratórias, mas é lógico que o banho diário é importante, principalmente para os profissionais de saúde e para o público em geral também”, ponderou Vera.

Máscaras

Ainda de acordo com a especialista, o uso da máscara é um elemento fundamental na prevenção ao coronavírus. Por isso, todas as pessoas, sem distinção, devem fazer o uso do equipamento de proteção.

“Todos devem usar máscara o tempo inteiro. Se precisar sair de casa por necessidade, tem que usar as máscaras. Os países que recomendaram o uso de máscara e o isolamento social, estão enfrentando o coronavírus muito melhor, com um número menor de mortes e de casos, como foi na China. Temos que usar máscara, que pode ser artesanal com tecido de algodão, com reforço duplo, se puder botar TNT também é importante", concluiu.

Ouça a entrevista na íntegra: