CORONAVÍRUS

Não é possível que o mundo está errado e só o Osmar Terra e o Bolsonaro estão certos, diz Alckmin sobre isolamento

Ex-governador de São Paulo criticou a condução das ações de enfrentamento ao coronavírus por parte do presidente Jair Bolsonaro

LOURENÇO GADÊLHA
LOURENÇO GADÊLHA
Publicado em 27/05/2020 às 9:44
Sérgio Bernardo/JC Imagem
FOTO: Sérgio Bernardo/JC Imagem

Diante das tensões causadas pela pandemia do novo coronavírus, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), criticou a maneira como o presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) vem conduzindo as ações de enfrentamento à crise da covid-19. Em entrevista ao Passando a Limpo nesta quarta-feira (27), Alckmin defendeu que enquanto as questões sanitárias não forem resolvidas, não será possível recuperar a economia do país.

"O governo deveria ter criado um comitê de crise interministerial para agir muito rápido no combate ao vírus e, com isso, reduzir o número de mortes e de infectados. Essa questão de isolamento, não é possível que o mundo esteja errado e só esteja certo o Osmar Terra e o Bolsonaro. Quanto mais rápido conseguir vencer a pandemia, mais rápido recupera a economia”, afirmou.

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Gargalos

Para o ex-governador, que também é médico, o isolamento social adotado em alguns estados, inclusive em São Paulo, foi uma decisão correta, pois evitou uma maior proliferação da doença e deu tempo para que os gestores pudessem inaugurar os hospitais de campanha. No entanto, ele apontou dois gargalos que dificultam o enfrentamento à covid-19 no Brasil.

“O isolamento social é uma medida para conter o avanço durante o período de pico para evitar de ter um colapso no sistema de saúde. Na medida que vocês faz o isolamento, evita o pico muito grande da doença e dá tempo de criar os hospitais de campanha, as UTIs. Vejo dois gargalos no Brasil: falta de testes, que deveriam ter muito mais, porque estamos andando no escuro e por outro lado, a falta leitos de terapia intensiva (UTI), que faz diferença. Quem tem uma boa assistência médica hospitalar, se salva”, avaliou Alckmin.

Eleições

Candidato à presidência em 2018, Alckmin avalia que hoje a eleição seria diferente. O tucano atribuiu a inelegibilidade de Lula e a facada sofrida por Bolsonaro, além de um exacerbado sentimento da população contrária ao Partido dos Trabalhadores (PT), como pontos determinantes para uma eleição “atípica”.

"Se eu pudesse, eu disputaria de novo, até porque eu acho que a eleição seria diferente. Aquela eleição foi atípica, porque teve o líder da oposição, que era o Lula, preso e declarado inelegível. Teve uma facada que acabou dando ao presidente o tempo inteiro de rádio e televisão e ainda como vítima. Aliás, eu mesmo me solidarizei com ele. Aquilo foi um verdadeiro absurdo. Mas o fato é que acabou a campanha. Foi uma eleição totalmente atípica após o impeachment da ex-presidente Dilma, uma espécie de plebiscito em relação ao PT”, concluiu.

Ouça a entrevista na íntegra: