CASO MIGUEL

Durante protesto, família de Miguel conta que patroa da mãe da criança foi ao velório

Grupo protesta em frente às Torres Gêmeas, no centro do Recife, onde Miguel morreu na última terça-feira (2) após cair de uma altura de 35 metros

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 05/06/2020 às 15:49
Felipe Ribeiro/ JC Imagem
FOTO: Felipe Ribeiro/ JC Imagem

Em ato que pede justiça pela morte do menino Miguel Otávio, de 5 anos, a tia dele Francicleide Souza disse que a mulher autuada em flagrante por homicídio culposo chegou a ir ao velório da criança, na quarta-feira (3). Manifestantes se reúnem em frente ao Condomínio Píer Maurício de Nassau, conhecido como "Torres Gêmeas", no bairro de São José, área central do Recife, na tarde desta sexta-feira (5), de onde o garoto caiu do 9º andar de um dos prédios.

Segundo a tia de Miguel, a mulher chegou a pedir perdão e confessar que seria presa pelo crime. “Por que ela não foi presa? (...) Por que ela não teve paciência de 5 minutos a 10 esperar minha irmã subir com os cachorros dela? Ela não esperou de maneira nenhuma! Teve cara de pau e foi para o velório”, disse.

Parte dos manifestantes realizou um ato em frente ao Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) e em seguida saiu em caminhada até as “Torres Gêmeas”.

Miguel tinha apenas 5 anos e, segundo a polícia, sua morte foi causada após negligência da patroa de sua mãe
Miguel tinha apenas 5 anos e, segundo a polícia, sua morte foi causada após negligência da patroa de sua mãe
Reprodução/ Redes Sociais

O pai do garoto, Paulo Inocêncio, diz que espera também a justiça divina e acredita que a suspeita de homicídio culposo, a patroa da mãe da criança, será cobrada também no céu.

“Eu espero da justiça que eles cobrem e ela pague na justiça da terra e na do céu. Se falhar aqui, na de cima não falha”, enfatizou Paulo Inocêncio. “Tudo que eu tinha era meu filho. Ele foi embora e minha vida com ele. Eu só quero justiça e a pessoa que fez isso com ele pague. Era uma criança inocente”, concluiu.

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Protesto cobra justiça pela morte de Miguel Otávio Santana da Silva - FOTO:Felipe Ribeiro/JC Imagem
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O caso

O fato aconteceu na tarde da última terça-feira (2), quando Mirtes deixou o filho sob a responsabilidade da patroa e desceu para passear na rua com o cachorro da família. A esposa do gestor, Sarí Corte Real, foi presa em flagrante e liberada, após pagamento de fiança no valor de R$20 mil, por ter deixado Miguel sozinho dentro do elevador do prédio. Ao sair do equipamento, a criança, procurando pela mãe, acessou o vão dos condensadores de ar-condicionado, subiu no guarda-peito e caiu de uma altura de 35 metros.

De acordo com a polícia, as imagens das câmeras de segurança foram a principal prova da "negligência" da mulher, como a polícia definiu. Os detalhes das etapas iniciais da investigação foram detalhados em videocoletiva de imprensa com o delegado que está à frente do caso, Ramón Teixeira, titular da Delegacia Seccional de Santo Amaro.

Morte

Segundo o perito André Amaral, as imagens do circuito interno de segurança mostram que a criança saiu do quinto andar, entrou no elevador sozinho e subiu até o nono andar. Lá, ele teve acesso ao hall de serviço onde fica o condensador de ar condicionado. Ainda segundo o perito, o menino teria escalado o guarda peito de metal e caiu de uma altura de 35 metros. “Tinha marca de sandália e caracteriza de 1,20 m que é a altura da vítima”, disse. “A área de acesso lá [no 9º andar], a janela estava aberta, não tinha nenhuma proteção, qualquer pessoa tem acesso, mas não era uma coisa comum ter um acesso a uma criança naquele trecho (...) Verificamos que se trata de uma natureza acidental”, completou.

Testemunhas relataram que o menino estava procurando a mãe. “O pessoal fala que ele estava chamando a mãe”, contou. Segundo a mãe de Miguel, o acidente foi muito rápido e aconteceu no momento em que ela havia decido o prédio para passear o cachorro dos patrões. A mulher também afirmou que tinha deixado o filho no apartamento com a dona da casa e uma manicure.

O corpo da vítima foi liberado do Instituto de Medicina Legal (IML) na manhã desta quarta-feira (3) e o sepultamento aconteceu nesta tarde no cemitério de Bonança, distrito de Moreno.

*O nome da suspeita não foi divulgado pela Polícia Civil em cumprimento da Lei de Abuso de Autoridade nº 13.869/2019, que, entre outros pontos, proíbe a divulgação de imagens e nomes por parte dos policiais e servidores públicos membros dos Poderes Legislativo, Executivo, Judiciário e do Ministério Público. A pena é de até quatro anos de prisão, caso a autoridade descumpra a legislação.