EDUCAÇÃO

Sindicato das escolas particulares avalia que estudantes precisarão rever conteúdos de 2020 em 2021

Segundo o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino de Pernambuco, é preciso priorizar a aprendizagem dos estudantes

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 08/07/2020 às 11:00
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FOTO: ABr

O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino de Pernambuco, José Ricardo Diniz, acredita que em 2021 os estudantes precisarão rever assuntos que foram dados em 2020. Segundo o professor, a ideia seria que os dois anos formassem um “ciclo” para não prejudicar a aprendizagem dos discentes.

“Você vai retomar [em 2021] conteúdos básicos, estruturantes do ano anterior no ano seguinte para avançar (...) As escolas, ao reorganizarem os seus calendários escolares, devem ter por objetivo maior atingir o ensino e aprendizagem dentro desses conteúdos estruturantes de cada série e considerar 2020 e 2021 um ciclo. É como o 1º e o 2º ano do fundamental, por exemplo. Você desenvolve a alfabetização e o letramento. O primeiro ano você desenvolve, sobretudo, leitura e escrita significativas e raciocínio lógico-matemático. No 2º ano você consolida esse processo e dá passos à frente”, detalhou.

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De acordo com o professor José Diniz, as perdas deste ano são inquestionáveis e a corrida agora é para concluir o ano letivo de 2020.

Reprovação de alunos

Em um parecer divulgado nesta terça-feira (7), o Conselho Nacional de Educação recomendou evitar reprovação de alunos neste ano. Na avaliação de José Diniz, a recomendação está correta. “É um parecer muito consistente (...) O Conselho Nacional está preocupado com a perda do ano e coloca um princípio que eu acho que é muito importante. Em primeiro lugar não estão as avaliações formais: aprovação. Em primeiro lugar está a aprendizagem. O que se aprendeu efetivamente num ano tão atropelado como esse que estamos vivendo? Eu acho que o parecer acerta em cheio quando toca nisso. É importante nesse ano que nós vejamos conteúdos estruturantes, aqueles que sem os quais você não vai adiante, você não consegue dar os passos seguintes dentro das áreas de conhecimento”, comentou.

Sem ministro da Educação

O presidente do Sindicato também avaliou como a falta de ministro da Educação afeta o sistema educacional. “O efeito é devastador. Os quadros técnicos de funcionários do Ministério da Educação são quadros de excelências e privilegiando a questão ideológica, como se vem privilegiando, o aspecto técnico vai escoando pelo ralo e o resulto aí está: a educação fica à deriva, você não vê um norte traçado, você não vê polícias públicas na educação. Você vê espasmos, mas tudo em nome de uma ideologia”, disse. "O que nós percebemos é que esse grande barco da educação está à deriva em função de ‘peiticas’ ideológicas que não vem ao caso", completou.

Segundo ele, a pandemia causada pelo novo coronavírus evidenciou ainda mais o problema existente no Ministério da Educação. "Além de toda essa estrutura não funcionar, vem uma pandemia que desarticula bastante porque você sai do presencial para o remoto. Os docentes precisaram correr para uma formação aligeirada. Mas tinha que ser porque tivemos praticamente uma semana para cair no remoto. Puxamos as férias no intuito de melhor entender esse processo que estava acontecendo e que iria ser a constante dos meses subsequentes. Nós tivemos maio e junho totalmente remotos. É claro que é uma modalidade que tem seu valor, mas tem seus próprios fundamentos, recursos, muito diferentes do presencial. Escola é presença, é convívio, a sociabilização", afirmou José Ricardo Diniz.

Ouça a entrevista na íntegra: