Vacina

“É preciso lembrar que nós ainda não temos a vacina” alerta diretor-assistente da OMS

Jarbas Barbosa afirmou que o mundo todo tem se esforçado na produção da vacina contra a covid-19, mas mesmo assim ainda não se tem resultados concretos

Carol Coimbra
Carol Coimbra
Publicado em 06/08/2020 às 10:39
Marcello Casal Jr./ABr
FOTO: Marcello Casal Jr./ABr

[Em entrevista ao Passando a Limpo desta quinta-feira (6) o diretor-assistente da Organização Mundial de Saúde (OMS), Jarbas Barbosa, falou sobre a corrida da vacina em todo o mundo. Ele garante que existem vários estudos e processos em andamento na criação de testagem dessa possível proteção contra a covid-19, mas a data de quando isso será lançado para a população ainda permanece incerta.

“Em relação à vacina, nós temos um esforço mundial como nunca se viu, nós temos neste momento, mais de 165 projetos de desenvolvimento de vacina. Desses, 27 já estão em testes em pessoas. Seis deles já estão na última fase que é a fase 3, que testa se a vacina é efetiva, se ela é capaz de proteger, as fases anteriores garantem se ela é segura. Isso pode levar alguns meses e o resultado ainda é incerto porque pode ser que saia uma vacina que tenha uma eficácia muito baixa. Eu creio que é preciso um otimismo prudente, há um esforço muito grande eu acredito que sim podemos ter esses estudos concluídos até o final deste ano. Se tudo corre bem com esses estudos ai começa o desafio da produção.”

Barbosa falou sobre um mecanismo que a OMS possui para ajudar países em desenvolvimento, que não teriam tantas condições para comprar muitas doses de vacina. Ele explicou como o processo tem funcionado até agora e como será um possível futuro.

“Nós da OMS coordenamos um esforço global que chama COVAC, que diante dessa incerteza, países muito ricos podem apostar em várias, ou seja fazer contrato com o produtor e adiantar o dinheiro mesmo sem saber se a vacina vai funcionar, os Estados Unidos estão fazendo isso, União Europeia. Para os países que não tem essa capacidade, o que a gente está propondo, compartilhar o risco. Nós já temos 140 que aderiram a esse mecanismo. Os países mais pobres vão receber por doação de governos de países desenvolvidos e doadores privados também e os outros países nós vamos negociar em conjunto a compra. Já temos 300 milhões de dólares comprometidos com esse mecanismo, o objetivo é chegar até 2 bilhões de dólares ao final de 2021. Isso para garantir que todo país tenha uma quantidade de doses proporcional a 20% da sua população para a primeira etapa. Essa primeira etapa seria o que? vacinar aqueles grupos de maior vulnerabilidade, pessoas com mais de 65 anos, os outros adultos que têm alguma doença crônica que os coloca em maior risco e os profissionais de saúde, porque estão na linha de frente em contato todo dia. Para uma segunda etapa ai teríamos os outros grupos da população.”

O diretor-assistente da OMS ainda afirmou que espera que os processos de distribuição das vacinas aconteça o mais rápido possível, porém ainda como ainda não se tem uma vacina contra a covid-19, os cuidados não podem ser esquecidos.

“Torcemos muito para que isso se acelere, para que ao invés de uma a gente tenha 5 vacinas que funcionem bem, que tenham um grau de eficácia muito elevado, e aí a gente possa antecipar e começar não já com 20% da população mas expandindo o mais rápido possível. Mas é preciso aguardar mais e lembrar que nós não temos a vacina. Ou seja ninguém pode relaxar as medidas. Entrar em um transporte público sem uma máscara, em uma loja sem a máscara, manter o distanciamento físico, sem lavar as mãos. Ou seja, todos os cuidados têm que permanecer porque ainda não temos uma vacina.”

Confira a entrevista na íntegra: