Viôlencia Policial

Após adolescente ser morto por PM em Jaboatão, moradores denunciam violência policial contra crianças

O adolescente Johnny Lucindo Ferreira foi morto com um tiro na cabeça durante abordagem policial

Carol Coimbra
Carol Coimbra
Publicado em 07/08/2020 às 15:20
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FOTO: Sem Crédito

Moradores da comunidade no bairro de Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes, onde Johnny Lucindo Ferreira, de 17 anos, morava relatam que ações policiais arbitrárias violentas no local são recorrentes. O garoto foi morto com um tiro na cabeça durante uma abordagem policial na terça-feira (4). Segundo os moradores, a violência acontece muitas vezes com adolescentes e crianças.

Uma moradora da comunidade, que preferiu não se identificar por medo de sofrer represálias, relatou que os policiais militares são extremamente temidos na vizinhança. “Eles não têm respeito porque eles já entram dentro da casa da gente, reviram tudo, sem cuidado nenhum. Eles entram e pronto. A gente está muito assustado com a abordagem deles quando chegam na nossa casa”, contou.

Um rapaz de 18 anos, que também não quis ser identificado, diz que já foi vítima de policiais violentos. “Ontem mesmo eu estava aqui no protesto e eles me agrediram. Mandam colocar a mão na cabeça e aí deram chutes na perna”, afirmou.

O corpo de Johnny foi enterrado nesta quinta-feira (6), no Cemitério da Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes. Amigos e familiares das vítimas ainda estão incrédulos com a situação. Todos garantem que o adolescente era muito querido, não reagiu à polícia e também não tinha cometido nenhum crime.

Relembre o caso


O adolescente Jhonny Lucindo Ferreira, de 17 anos, foi morto com um tiro na cabeça durante uma abordagem policial, na última terça-feira (4). Ele teria encontrado um amigo que estava numa moto e pegou uma carona após sair da oficina do avô, onde trabalhava como soldador. Na Rua 7 de setembro, em Prazeres, os dois foram abordados por policiais militares.

Por meio de nota, a Polícia Militar de Pernambuco disse os policiais do 6º Batalhão da Polícia Militar teriam recebido informações sobre uma dupla em uma motocicleta que estaria praticando assaltos na região e que ao ver as vítimas em “atitude suspeita, os policias deram ordem de parada, que não foi obedecida”. Ainda de acordo com a nota, a motocicleta parou mais adiante, “um deles correu e o outro colocou a mão na cintura, dando a entender que estaria armado. Nesse momento, o policial atirou”.

Entretanto, a versão é contestada por uma testemunha, que não quis se identificar. Ela contou que em momento algum foi pedido para que os jovens parassem e que os policiais já chegaram atirando. Além disso, as câmeras de segurança do local do crime também foram retiradas.

Ouça a reportagem de Isa Maria: