Violência

Conselho Tutelar do Recife envia documento ao MPPE para apurar manifestações em frente ao Cisam

Grupos antiaborto foram no último domingo (16) protestar contra interrupção da gravidez de uma criança de 10 anos vítima de abuso sexual

Carol Coimbra
Carol Coimbra
Publicado em 20/08/2020 às 8:51
Roberta Soares/ Jornal do Commercio
FOTO: Roberta Soares/ Jornal do Commercio

O Conselho Tutelar do Recife protocolou um documento e enviou ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) para apurar os fatos que aconteceram em frente ao Centro de Saúde Amauri de Medeiros (Cisam) no último domingo (16), onde uma criança de 10 de idade foi submetida a um aborto legal. Ela era vítima de estupros desde os 6 pelo próprio tio. Os crimes aconteciam dentro da casa onde a menina morava com ele e com a avó no estado do Espírito Santo.

O conselheiro tutelar André Torres explicou o que seria pedido nesse protocolo enviado ao MP.

“Primeiro, é importante evidenciar que o Conselho Tutelar é um órgão encarregado pela sociedade, de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente previstos na lei. Então, diante disso, e diante dos fatos que ocorreram em frente à maternidade do Cisam no último domingo, diante do histórico de abuso sexual que essa criança vem sofrendo, além de outros tipos de violência, nós, o colegiado da RBA1, decidimos por bem que fosse feito uma notícia de fato ao Ministério Público, pedindo a investigação e responsabilização dos envolvidos.”

De acordo com Torres, o protocolo não aborda somente crimes de abuso sexual.

“Não só no abuso sexual, como também na incitação à violência, no constrangimento que foi aumentado para a criança. Ao gritar lá e chamar a criança e a equipe médica de ‘assassina’. Ao tentar coibir e impedir o exercício da profissão dos médicos. Além de tentar invadir um espaço público. Tudo isso trazendo danos irreparáveis a uma criança de 10 anos que já tinha sido vítima de um estupro e que estava dentro da unidade hospitalar”, acrescentou.

Ainda de acordo com o conselheiro tutelar, o protocolo também foi enviado à Comissão de Ética da Câmara Municipal do Recife e para Assembleia Legislativa de Pernambuco. Ele ainda afirmou que foram identificados em torno de cinco parlamentares envolvidos e um dirigente ao movimento contrários ao procedimento durante a manifestação em frente ao hospital.

A criança, que estava internada no Cisam, teve alta nesta quarta-feira (19) e voltou para a cidade de origem no Espírito Santo. Ela se encontra sob os cuidados da avó e tem acompanhamento do Conselho Tutelar da cidade.

André Torres ainda apontou que crimes de abuso sexual contra crianças são crimes que acontecem com frequência no Recife. Para denunciar esse tipo de crime pode-se entrar em contato com o Conselho Tutelar da cidade.

Ouça a reportagem de Juliana Oliveira: