ENTREVISTA

Para Mourão, só seria possível obrigar população a se vacinar se Brasil fosse uma ditadura

Apesar disso, vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que tomar a vacina é uma obrigação

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 03/09/2020 às 17:30
Valter Campanato/Agência Brasil
FOTO: Valter Campanato/Agência Brasil

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou que o governo não pode exigir que a população se vacina. Esta semana, o presidente Jair Bolsonaro disse que "ninguém pode obrigar ninguém a se vacinar". Mourão concedeu entrevista à Rádio Jornal nesta quinta-feira (3).

“[Tomar] A vacina é uma obrigação. Agora, você tem pessoas que por consciência não querem tomar vacina e não há como o governo, a não ser que nós vivêssemos numa ditadura, obrigar que todos se vacinassem", disse. "Nós vamos exigir que a pessoa ande com o cartão de vacina na rua e a polícia vai parar [e perguntar] 'cadê teu cartão de vacina'? Não tem cartão de vacina, pega o cara, leva no posto de saúde e vacina. Isso aí não ocorre aqui no Brasil", completou.

Nesta quarta-feira (2), a página no Twitter da Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República publicar um card com a frase do presidente Bolsonaro e destacando que "impor obrigações definitivamente não está nos planos" do Governo. A publicação gerou polêmica, especialmente neste momento em que o mundo luta para acabar com a pandemia da covid-19 e espera por uma vacina eficaz contra o novo coronavírus.

 

Pandemia

Mourão também comentou sobre a condução do Governo Federal na pandemia da covid-19. Apesar das críticas sofridas, inclusive por parte de entidades de saúde, pelo negacionismo adotado pelo presidente, Mourão voltou a afirmar que o Brasil não é uma ditadura para isolar a população.

“Brasil não é uma ditadura. O Governo Chinês, que é um governo totalitário, pode isolar uma região total", disse.

Segundo ele, as desigualdades do país também dificultaram o enfrentamento da covid-19. “O enfreamento à covid num país desigual regionalmente como o Brasil e desigual socialmente não tinha forma de bolo. Além de ser uma doença que a medicina demorou para compreender a melhor forma de combatê-la com as armas existentes. Até o presente momento, nos não temos nenhum medicamento que seja 100% eficaz contra a doença e muito menos temos a vacina que imunizaria a população contra o vírus", apontou.

Mourão também falou que o Governo Federal também trabalhou para amenizar os impactos da pandemia na economia. "O governo procurou adaptar a curva da doença à capacidade do nosso sistema público de saúde, disseminando as melhores práticas, distribuindo recursos para estados e municípios, onde é dado o enfrentamento da doença (...) Procurou adaptar a questão da curva do emprego com as medidas, visando preservar os empregos formais e as empresas. E a curva social para aqueles trabalhadores que eram da informalidade e da noite para o dia não podiam sair às ruas para continuar a ter o seu ganha-pão, criou-se o coronavoucher", detalhou. "Se dizia que as pessoas iam morrer nas ruas aos milhões, iam morrer nos corredores dos hospitais e isso não ocorreu", finalizou.

Eleições 2020 e 2022

O vice-presidente também comentou sobre as eleições para prefeito e vereador. Diferentemente do presidente Jair Bolsonaro, que afirmou que não irá atuar no pleito de 2020, Mourão afirmou que irá apoiar seu partido. "Eu já deixei claro que vou apoiar os candidatos do meu partido. O PRTB precisa dar uma ressuscitada", contou.

Já sobre as eleições de 2022, Hamilton Mourão disse que está focado em sua atribuição atual e que está pronto para continuar numa chapa com Jair Bolsonaro. “Eu estou no presente momento focado na imensa tarefa de conduzir o Conselho Nacional da Amazônia Legal (...) Aguardo 2022. Penso que o presidente Bolsonaro, [sendo] candidato a reeleição, me convidaria para continuar acompanhando ele nessa trajetória e eu estou pronto para continuar. Caso ele necessite de outra pessoa para conseguir apoio de outras correntes políticas, eu,por enquanto, não tenho nenhuma visão de continuar na carreira política. Não sei ainda quanto tempo de vida o bom Deus vai me dar. Talvez eu precise pensar e cuidar um pouco da família", afirmou.

Veja entrevista: