POLÍCIA

Preso nesta terça (15), presidente de torcida do Sport tinha rota de fuga em casa

Integrantes de uma torcida do Sport foram presos suspeitos de participar de ação que causou confusão em festa do Santa Cruz, em fevereiro deste ano

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 15/09/2020 às 18:29
Bruno Campos/ JC Imagem
FOTO: Bruno Campos/ JC Imagem

As operações Returno I e Returno II, da Polícia Civil, prenderam, nesta terça-feira (15), dez integrantes da Torcida Jovem do Sport, incluindo o presidente, suspeitos de invadir o evento comemorativo do aniversário do Santa Cruz, em fevereiro deste ano, no Pátio de Santa Cruz, na área central do Recife. Na ocasião, houve quebradeira, confusão e pânico.

Segundo o delegado Joel Venâncio, diretor da Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil de Pernambuco (Core), o presidente da Torcida Jovem, tentou fugir no momento da prisão. “O presidente da Torcida Jovem tinha um plano de fuga. Onde tinha uma janela [na casa dele] ele abriu uma porta para pular de dois metros de altura para fugir", revelou o delegado.

Ele foi preso no bairro de Monsenhor Fabrício, na Zona Oeste do Recife, na casa de um vizinho, após tentar fugir. Ele tinha passagens pela polícia por tráfico de drogas, dano e por roubo. “Essas prisões de hoje são significativas porque a gente está tratando de líderes, como é o caso do presidente da Torcida Jovem do Sport (...) A gente vai solicitar a conversão dessas prisões temporárias em prisões preventivas e todos esses antecedentes criminais corroboram esse entendimento de que são pessoas que fazem mal e não podem estar em liberdade”, disse.

Apesar de não ter participado diretamente das ações, Henrique agia na articulação. “Nós temos indícios muito fortes, convocações dele nas redes sociais e depoimento de testemunhas de que ele não aparece nos vídeos, não está presente nas agressões, mas é a pessoa que convoca para essa reunião preparatória para os ataques. Ele é quem coordena”, afirmou. Um mandado de prisão continua em aberto pois o alvo não foi localizado nesta terça.

Além da confusão promovida na festa do Santa Cruz, os presos nesta terça-feira também teriam se envolvido no roubo a um torcedor do Náutico, em janeiro. “Hoje nós levamos a cabo duas operações a Returno I, relativa a um episódio ocorrido no dia 19 de janeiro do corrente ano, na Encruzilhada, quando um torcedor do Náutico foi agredido e teve sua camisa roubada. Não pelo valor econômico, mas porque essas torcidas organizadas costumam efetuar esses roubos para se vangloriar e usar esses objetos como troféu. E no dia 3 de fevereiro, o mesmo grupo praticou aquela investida contra torcedores do Santa Cruz que estavam comemorando o aniversário do clube”, detalhou o delegado.

Apreensões

Materiais que eram vendidos com símbolos da uniformizada foram apreendidos
Materiais que eram vendidos com símbolos da uniformizada foram apreendidos
Bruno Campos/ JC Imagem

Além disso, foram apreendidos os materiais com as marcas da uniformizada. As torcidas organizadas estão proibidas no estado e a venda desses objetos é uma atividade clandestina. “Apreendemos muito material que eles comercializavam ilegalmente e também documentação sobre a movimentação financeira, que é uma outra forma também da gente sufocar essas entidades que funcionam na ilegalidade”, apontou.

De acordo com o delegado, o fato das torcidas organizadas terem sido declaradas ilegais facilita o trabalho da polícia. “Antes elas tinham CNPJ, podiam abrir lojas, comercializar e a gente sabe que os valores que eles conseguiam eram utilizados para financiar essas ações criminosas. As lojas já estão fechadas, o material que estava na casa dos alvos hoje foi apreendido e a gente impede assim uma comercialização aberta. Agora estamos trabalhando como está se dando essa comercialização clandestina para impedir o movimento”, destacou.

Políticos aparecem em livros da Torcida Jovem

Nos documentos, a polícia encontrou nomes de políticos anotados e que teriam feito doações para a torcida. “Esse livro com essa contabilidade ainda está sendo analisando. Mas nós temos todo interesse em rastrear essa movimentação financeira, saber quem financia, se a pessoa que está financiando atos de vandalismo, atos criminosos, é participadora do crime. Mas ainda é cedo para fazer qualquer afirmação”, apontou o delegado, afirmando que todas as pessoas serão convocadas a prestar depoimento. Os nomes dos políticos não foram revelados.

Ele criticou a ação criminosa desses grupos. “Uma coisa é torcer por um time. Outra coisa é promover algazarra, roubos e agressões. Isso é intolerável”, comentou o delegado.