PANDEMIA

Segundo o Sintepe, professores estaduais podem se recusar a retomar aulas presenciais

Professores ficaram insatisfeitos com a forma como anúncio da volta às aulas presenciais foi feito e se preocupam com falta de estrutura

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 24/09/2020 às 18:07
Felipe Ribeiro/ JC Imagem
FOTO: Felipe Ribeiro/ JC Imagem

O anúncio do Governo de Pernambuco da volta às aulas presenciais deixou professores da rede estadual preocupados. Nesta quinta-feira (24), a categoria realiza uma assembleia virtual para discutir a convocação. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Pernambuco (Sintepe), Fernando Melo, os profissionais não descartam se recusar a voltar para as salas de aula. A justificativa, segundo ele, é a falta de estrutura e a forma como o anúncio foi feito.

“Há uma possibilidade muito concreta de não atender essa convocação. Vai depender muito desses dois momentos que nós vamos viver na próxima semana”, afirmou em referência a um encontro que será realizado com a Secretaria Estadual de Educação na segunda-feira (28) e a uma nova assembleia que deve ser realizada na próxima semana. Ele completa a informação destacando a insatisfação da categoria. “Hoje o nível de insatisfação pela forma como foi feito [o anúncio] e pelas condições que a categoria entende como falta de segurança pela estrutura da maioria das escolas. Nós temos 1060 escolas no Estado de Pernambuco. Algumas têm uma estrutura muito boa, mas outras têm uma estrutura relativamente precária e a categoria tem se preocupado com isso”, comentou.

Fernando Melo aponta alguns problemas encontrados nas escolas. “Até ontem, quando começamos a fazer as conclusões do levantamento feito, nós verificamos que tem escolas que tem problemas no espaço da sala de aula, com salas muito pequenas que não oferecem distanciamento nem mesmo com metade da turma, temos escolas com problemas estruturas com banheiros ainda sem descarga, pias quebradas, ainda tem escolas onde estão sendo colocadas pias, mas a água não chega na torneira”, detalhou.

Professores enxergam desrespeito em anúncio do governo

Segundo ele, a categoria ficou insatisfeita pois o detalhamento do retorno não foi feito. “Nós tivemos, antes da assembleia [de hoje], uma reunião com o secretário de Educação e nós colocamos várias preocupações no tocante à forma como foi anunciado o retorno para o próximo dia 6 de outubro. Uma forma unilateral, ao nosso ver, desrespeitando alguns mecanismos que estavam sendo construídos entre o Fórum dos Servidores, que abrange a discussão mais ampla do serviço público, e as mesas específicas, entre elas a que o Sintepe e a Secretaria de Educação fazem parte. A forma como o governo anunciou passou por cima de todos os encaminhamentos, todos os debates, inclusive ferindo a portaria de nº 1340, que, de certa forma, disciplina todo esse debate em torno de como, quando e de que forma esse retorno presencial deve ser feito”, criticou.

Ainda de acordo com o presidente do Sintepe, a categoria está ouvindo especialistas para embasar seus argumentos. “Nós estamos consultando a opinião de especialistas para que possam estabelecer um parecer e a partir desse estudo a gente trazer mais elementos a esse debate”, disse.

Cronograma

O terceiro ano do Ensino Médio recomeça no dia 6 de outubro. Na semana seguinte, no dia 13 de outubro, os alunos do 2º ano. No dia 20 de outubro poderão ser reiniciadas as aulas para os alunos do 1º ano, do Ensino Técnico Concomitante e Subsequente e da Educação de Jovens e Adultos.