MEIO AMBIENTE

Após denúncia de barulho de animais sendo mortos, polícia fecha matadouro ilegal em Abreu e Lima

A Polícia Civil conseguiu salvar 27 animais no matadouro irregular; eles foram colocados sob a proteção da CPRH

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 28/09/2020 às 16:52
Divulgação/ Polícia Civil
FOTO: Divulgação/ Polícia Civil

Uma operação da Polícia Civil de Pernambuco, em parceria com a Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH), autuou em flagrante 15 pessoas, incluindo um adolescente, por crimes contra a saúde pública e contra o meio ambiente. A Operação Desbate, deflagrada na última sexta-feira (25), fechou um matadouro clandestino destinado ao abate de animais localizado no bairro do Fosfato, no município de Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife.

Segundo a delegada Thais Galba, da Delegacia do Consumidor, o local foi descoberto após denúncias de pessoas incomodadas com o barulho dos animais. “A vizinhança estava incomodada com o barulho dos animais sendo sacrificados e entrou em contato conosco. Fizemos algumas diligências, passamos algumas semanas investigando e constatamos que era verdade. De fato, [confirmamos que] os animais eram sacrificados ao fundo da residência dessa pessoa, que mora numa área mais rural, e eram vendidos de forma clandestina no Mercado Público de Abreu e Lima”, detalhou.

Ainda de acordo com a delegada, no momento da ocorrência, um animal havia acabado de ser sacrificado e a polícia observou um cenário impróprio para o abate. “Quando chegamos, um dos animais havia acabado de ser sacrificado. Ele estava coberto de moscas e mosquitos. Havia um recipiente inapropriado que estava coletando o sangue do animal, exposto à temperatura ambiente que, por sinal, era uma temperatura muito quente, porque já era por volta das 14h ou 15h. O local onde eles utilizavam para fazer a extração da pele do animal era um recipiente muito sujo onde eles ferviam a água. No chão, tinha dejetos de animais, pelo, pele, tinha ossos dos animais”, relatou a delegada. “O fator contaminação e perigo à saúde pública era gritante”, completou.

Ao lado do matadouro irregular, também funcionava uma extração irregular de madeira. “Nós fizemos essa ação em parceria com a CPRH e no matadouro havia quatro pessoas trabalhando e na extração irregular 11 pessoas. Era uma situação familiar, porque o dono do matadouro estava lá, juntamente com o filho e o neto, e quem estava coordenando a extração irregular de madeira era o pai do dono do matadouro”, disse a delegada.

Crimes

A delegada conta que os detidos revelaram que a prática era comum e que eles não enxergavam que as práticas eram criminosas. “Para eles, crime seria só roubar e matar. Mas, de fato, eles estão cometendo vários crimes. Não só o crime contra o meio ambiente por matar o animal de forma cruel, por não ter autorização para fazer isso [abate de animal], não só pela extração de madeira, mas também o crime de corrupção de menor, porque havia um adolescente com eles, associação criminosa, porque eles estão em conjunto há muitos anos fazendo isso, crime contra a saúde pública. Por conta da forma como o animal está sendo sacrificado, a carne já se torna imprópria (...) e crimes contra o estatuto de desarmamento porque nós encontramos uma arma calibre dose, adulterada, com o cano cerrado”, comentou a delegada.

Durante a operação, foram apreendidos dois caminhões cheios de madeira extraída ilegalmente com, aproximadamente, dez toneladas de carga, além de uma espingarda calibre 12. A polícia conseguiu recuperar 27 animais. Os animais salvos foram colocados sob a proteção da CPRH.

Para denunciar matadouros irregulares, é possível ligar para a Delegacia do Consumidor no telefone (81) 3184.3834. A denúncia pode ser feita de forma anônima.