PANDEMIA

Covid-19: UFPE está desenvolvendo vacina com fungos utilizados em pães e cervejas

A Universidade Federal de Pernambuco é a primeira instituição do Nordeste a trabalhar no desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19

Yuri Nery
Yuri Nery
Publicado em 29/09/2020 às 17:45
Arnaldo Carvalho/JC Imagem
FOTO: Arnaldo Carvalho/JC Imagem

Pesquisadores do Laboratório de Estudos Moleculares e Terapia Experimental (Lemte) do Departamento de Genética da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) estão produzindo uma vacina contra a covid-19. A instituição é a primeira do Nordeste a trabalhar no desenvolvimento de um imunizante contra o novo coronavírus. O professor doutor Antonio Carlos de Freitas, responsável e líder científico da pesquisa, explica como vai funcionar o produto.

“Nós estamos abordando três estratégias (...) Mas o nosso grande diferencial aqui é que nós pretendemos utilizar, para a entrega dessa vacina, uma levedura. Ou seja, um fungo que a gente conhece mais na padaria, como aquele fermento que produz o pão. Ou como aquela que é utilizada para produzir cerveja. Esses microrganismos, que a gente já está muito acostumado com eles nesse contexto, podem ser utilizados para carrear a vacina, levar a vacina para o indivíduo, com algumas vantagens. Que no nosso caso seria o direcionamento dessa vacina para uma resposta mais específica, e isso potencializaria o efeito da vacina. Além do que, protegeria no caso as moléculas de DNA ou RNA de uma degradação, da sua destruição quando na entrada do organismo”, explicou.

Testes pré-clínicos em 2021

De acordo com o Antonio Carlos de Freitas, o uso da levedura no processo de pesquisa para a criação de uma vacina contra a covid-19 é uma uma exclusividade deles. Os testes pré-clínicos do imunizante, que ainda está na fase inicial, têm previsão para acontecer somente em 2021. “Essa estratégia do uso da levedura é uma coisa que, dentro da covid-19, somente o nosso grupo, até onde a gente conhece, está trabalhando. Nós estamos em uma fase, agora, já de estruturação do antígeno vacinal. E acreditamos que até o meio do ano que vem nós tenhamos já os primeiros testes pré-clínicos em andamento (...) A liberação do financiamento ocorreu agora, em agosto. Então nós estamos na fase inicial ainda do procedimento”, comentou.

Investimentos

Cerca de 550 mil reais estão sendo direcionados inicialmente no estudo para o desenvolvimento da vacina. De acordo com o pesquisador, o projeto envolve financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e do Ministério da Educação (MEC).