Mercado de trabalho

Dificuldade de idosos no mercado de trabalho aumenta na pandemia da covid-19

Segundo o coordenador do núcleo de carreiras da Universidade Tiradentes, Joebson Oliveira, a questão da não empregabilidade de idosos envolve vários fatores

Carol Coimbra
Carol Coimbra
Publicado em 19/10/2020 às 8:48
Pixabay
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Para profissionais mais velhos, estar enquadrado como grupo de risco durante a pandemia da covid-19 é sinônimo de preconceito no mercado de trabalho. É o que revela uma pesquisa realizada pela Maturi, plataforma destinada a geração de oportunidades de emprego e capacitação profissional para o público com mais de cinquenta anos.

Entre os mais de 4 mil entrevistados, cerca de 40% consideram que a denominação “grupo de risco” para o coronavírus fez aumentar ainda mais o preconceito em torno desses trabalhadores.

Para o coordenador do núcleo de carreiras da universidade Tiradentes, Joebson Oliveira, essa é uma questão antiga. “Infelizmente esse problema sempre existiu e, neste ano, a pandemia do novo coronavírus o tornou ainda mais alarmante. O mais lamentável disso tudo é que essa pandemia acabou inclusive afetando uma mudança positiva que ocorria no Brasil desde 2017, que era o crescimento do número de oportunidades no mercado para profissionais com 65 anos ou mais” disse.

O coordenador listou algumas das vantagens de se ter profissionais maduros no quadro de funcionários das organizações.

“A experiência profissional somada à experiência de vida. A responsabilidade social que esses profissionais possuem. A terceira vantagem, seu enorme poder de concentração, já que profissionais neste perfil não são facilmente seduzidos, por exemplo, por redes sociais. A quarta, o enorme comprometimento desses profissionais e a quinta e última, a sua maior disponibilidade de horário, isso inclusive sem a instabilidade que profissionais mais jovens possuem” destacou.

Joebson falou ainda que a falta de habilidade com as novas tecnologias por parte de profissionais mais velhos, utilizada como justificativa em muitas empresas para o desligamento desses funcionários antes da pandemia da covid-19, não é justificável.

“É fato que pessoas com 60 anos ou mais não possuem as mesmas habilidades com as novas tecnologias do que profissionais mais jovens. Mas, nada que treinamentos e desenvolvimento não resolvam. O que falta mesmo para essas empresas é interesse”, explicou.

De acordo com números da Secretaria do Trabalho, ligada ao Ministério da Economia, cerca de 650 mil pessoas, com idade igual ou superior a 65 anos, estavam com a carteira assinada em 2017. Um crescimento de 43%, em relação à 2013, quando haviam 484 empregados com carteira assinada.

Para se ter uma ideia, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no primeiro trimestre de 2020 mais de um milhão e 300 mil idosos deixaram de trabalhar ou de procurar emprego, se comparado com o mesmo período do ano passado.

Ouça a reportagem de Yuri Nery: