Violência contra criança

Polícia de SP revela há quanto tempo menino de 11 anos estava acorrentado em barril; veja novidades do caso

Menino de 11 anos foi acorrentado pelo próprio pai em um barril e se alimentava das próprias fezes

Gabriel dos Santos Araujo Dias
Gabriel dos Santos Araujo Dias
Publicado em 02/02/2021 às 7:51
Divulgação/Polícia Militar de Campinas
FOTO: Divulgação/Polícia Militar de Campinas

O caso do menino de apenas 11 anos que foi acorrentado pelo pai dentro de um pequeno barril em Campinas, no interior de São Paulo, chocou o país. Agora, a Polícia deu novos detalhes de como a criança foi encontrada.

Segundo a Polícia Civil, a criança estava presa no barril há pelo menos um mês. Anteriormente, no hospital, o menino já tinha contado a enfermeiras que tinha visto os fogos do réveillon por meio de um pequeno buraco que foi feito pelo pai para que ele pudesse respirar.

O que comia?

Além de comer as próprias fezes, a polícia também revelou que o garoto comia cascas de frutas, especialmente de banana, e fubá cru para tentar matar a fome. Ao ser resgatado, o menino disse aos policiais que “só queria comer”.

Estado de Saúde

Quando resgatado no sábado (30), o menino pesava 27 quilos e estava em extrema desnutrição. De acordo com a equipe médica que acompanha a vítima, o estado dela é considerado bom e em evolução. O menino segue internado no Hospital Ouro Verde, em Campinas.

Investigação

O pai do menino, um auxiliar de serviços gerais, disse que prendeu a criança no barril porque ele era “muito agitado”. Se condenado, o homem pode ficar preso por até oito anos. A namorada do pai, que é empregada doméstica, e a filha dela, uma jovem de 22 anos, também foram presas e podem pegar até quatro anos de prisão, por não terem feito nada para impedir os crimes cometidos pelo pai do menino.

O Ministério Público e a Prefeitura de Campinas abriram processos para investigar falhas no atendimento de entidades que devem zelar pela integridade das crianças para com o menino.

O MP quer saber como o Caps (Centro de Atenção Psicossocial), o Creas (Centro de Referência da Assistência Social) e o Conselho Tutelar trabalharam no caso e porque não evitaram que a criança passasse tanto tempo sendo agredida.

O Conselho Tutelar confirmou que sabia de condições não ideais, mas descartou que tivesse informações sobre abusos extremos. “Tínhamos conhecimento da vulnerabilidade da família, e por isso havia uma rede de apoio acompanhando, serviço social e saúde. Em nenhum momento os relatórios enviados apontavam para uma situação como essa", disse o conselheiro tutelar Moisés Sesion.

O prefeito da cidade também quer entender onde as equipes de proteção falharam. "Como pai, estou chocado e indignado. Desde ontem [domingo] tive conversas com as secretarias e pedi relatório para ter noção do que aconteceu nos últimos dias e meses, além de abrir um processo de investigação. Quero saber quando essa criança foi acompanhada. Essa criança foi atendida por órgãos e quero saber o que aconteceu", disse o prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), de acordo com o UOL. Ele deu 24 horas para que as equipes respondam aos questionamentos feitos.