Lava Jato

A Lava Jato acabou porque teve sucesso, diz procurador do Ministério Público de Contas de PE

Antes com 14 procuradores exclusivos, Lava Jato tem hoje quatro profissionais

Gabriel dos Santos Araujo Dias
Gabriel dos Santos Araujo Dias
Publicado em 04/02/2021 às 10:01
Tomaz Silva/Agência Brasil
FOTO: Tomaz Silva/Agência Brasil

O procurador do Ministério Público de Contas de Pernambuco, Cristiano Pimentel, afirmou que, após a decisão do Procurador Geral da República, Augusto Aras, de reduzir a equipe da Lava Jato, o país pode considerar que a operação acabou. “Acabou de forma muito triste, muito melancólica”, disse Cristiano, em entrevista ao Passando a Limpo, da Rádio Jornal, na manhã desta quinta-feira (4).

“Ontem, o Procurador-Geral da República, Augusto Aras, disse que não acabou, que mudou apenas de nome, mas quem conhece sabe que não é assim. A Lava Jato já chegou a ter 14 procuradores com dedicação exclusiva. Agora, só vai ter 4. Apenas três moram em Curitiba e um vai trabalhar remotamente”, analisou o especialista.

“Vemos que a coisa vai ficar muito difícil. Podemos dizer que a Lava Jato acabou, de uma forma muito triste, muito melancólica. Acabou porque teve sucesso”, sugeriu Cristiano Pimentel.

Segundo o procurador, os processos em curso vão seguir, mas com menos força. “Conversando com qualquer grande advogado você sabe que, na Justiça brasileira, o processo só anda, quando tem alguém cuidando dele. Formalmente, os processos vão continuar, mas não vão ter mais os procuradores cuidando. Eles vão ser espalhados para outros procuradores, vão ficar na vala comum da Justiça”, comentou.

“O crime no sistema político é muito sofisticado. Estamos falando de um gerente de terceiro escalão, como Pedro Barusco, que confessou que tinha 99 milhões de dólares na Suiça, fora vários outros diretores da Petrobras que tinham dinheiro no exterior. Não é um procurador em sua salinha, que muitas vezes só tem um servidor, que vai desbaratar um esquema internacional”, destacou.

Sucesso da Lava Jato

Defensor da operação, Cristiano lembrou pontos positivos resultantes dos trabalhos da força tarefa. “A Lava Jato coneguiu que R$ 4,3 bilhões fossem devolvidos. Só a Petrobras recebeu R$ 3 bilhões de recursos. O governo federal recebeu R$ 416 milhões. Foram vários acordos de delação premiada, 132 mandados de prisão preventiva, 278 condenações, mais de 2.600 anos de pena somados, fora pessoas importantíssimas da política que estão presas, como Sérgio Cabral e Eduardo Cunha”, lembrou.

Confira a entrevista na íntegra: