Pandemia do novo coronavírus

Especialista critica falta de competência técnica na condução do processo de vacinação no Brasil

Para a epidemiologista Ethel Maciel, o processo de vacinação deveria ser conduzido por técnicos do Plano Nacional de Imunização

Gabriel dos Santos Araujo Dias
Gabriel dos Santos Araujo Dias
Publicado em 10/02/2021 às 10:03
Reprodução/NE10 Interior
FOTO: Reprodução/NE10 Interior

A epidemiologista Ethel Maciel criticou a falta de organização do governo federal no tratamento com a pandemia do novo coronavírus. Segundo a especialista, no momento, o país não tem falta de dinheiro para compra de vacinas, mas, sim, sofre pela falta de coordenação por parte do Estado brasileiro.

A análise foi feita no programa Passando a Limpo da Rádio Jornal nesta quarta-feira (10), quando a epidemiologista comentou a iniciativa de um grupo de empresários, coordenada pela dona do Magazine Luiza, Luiza Trajano, de ajudar no processo de vacinação até imunizar toda a população até setembro deste ano.

“O problema não é a falta de dinheiro, mas a falta de negociação que o governo deixou de fazer no ano passado com a Pfizer e outros fabricantes que não nos possibilitaram até agora o acesso às vacinas”, comentou Ethel Maciel.

A especialista também foi questionada sobre a vacinação na rede privada. “Não há problema do setor privado ter vacina. O problema é em uma pandemia. Nós estamos no meio do furacão. No meio do furacão, quem tem de ter a coordenação, e que não está acontecendo, infelizmente, é o Estado brasieliro. A gente não precisa do setor privado, a gente tem experiência de mais de 40 anos. Nós vacinamos 10 milhões de pessoas por dia, nos dias ‘D’. Nós temos capacidade e temos como fazer. O que há é uma falta de organização, infelizmente. Temos, neste momento, algumas pessoas que ocupam cargos e não conhecem o sistema, isso acaba travando o sistema. Pessoas que não conhecem, nunca participaram, não têm competência técnica”, afirmou a epidemiologista.

Por outro lado, Ethel lembrou que há técnicos do Programa Nacional de Imunização (PNI) sendo subaproveitados. “Mas elas não estão à frente do processo. O que o governo tem de fazer é deixar que os técnicos fiquem à frente e coloquem o plano em ação”, disse. A especialista também criticou o fato de cada estado estar vacinando um grupo diferente, o que, na opinião da epidemiologista, confunde a população.

Confira a entrevista na íntegra: