Política

Bolsonaro aparece 'nu' em campanha contra desinformação

Campanha da ONG Repórteres Sem Fronteira critica desinformação do governo Bolsonaro

Gabriel dos Santos Araujo Dias
Gabriel dos Santos Araujo Dias
Publicado em 22/02/2021 às 12:12
Divulgação
FOTO: Divulgação

O presidente da República, Jair Bolsonaro, aparece “nu” em uma montagem que estampa uma campanha do Repórteres sem Fronteira contra a desinformação do governo federal. Em “A verdade nua”, lançada nesta segunda-feira (22), a ONG critica a condução do governo federal em relação à pandemia do novo coronavírus e expõe os reais dados colhidos até o domingo (21): Mais de 245 mil vidas perdidas e 10 milhões de infectados no Brasil.

“Enquanto a Covid-19 provoca estragos no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro contribui para aumentar o número de mentiras em circulação e segue atacando a imprensa - numa tentativa de esconder sua incapacidade de administrar a crise sanitária. “A verdade nua”, campanha produzida pela agência BETC Paris em parceria com a Repórteres sem Fronteiras (RSF), reitera a importância crucial do jornalismo para garantir o acesso a informações confiáveis sobre a pandemia”, disse a ONG no comunicado que anuncia a campanha.

A ONG pede que os fatos sejam apresentados com verdade pelo governo de Bolsonaro. “A nova campanha da RSF no Brasil defende que se mostre “a verdade nua", a crua realidade dos fatos, para além de alegações fantasiosas ou manipuladoras”, pede a entidade, reforçando que a foto que estampa a campanha é uma montagem.

Confronto ao presidente

Na montagem, Bolsonaro aparece coberto apenas por um cartaz branco com as letras na cor preta. “Uma forma simbólica de confrontar o presidente Bolsonaro com a realidade nua e crua dos fatos, enquanto ele acusa a imprensa pelo caos instalado no país para desviar a atenção de sua desastrosa gestão da crise sanitária”, explica a ONG. “O Brasil é hoje o terceiro país mais afetado no planeta pela Covid-19 e a campanha reforça a importância de conhecer os fatos para compreender a pandemia e poder agir sobre ela. Fatos aos quais a população brasileira não teria acesso sem o trabalho dos jornalistas”, acrescenta.

"Essa campanha propositalmente chocante visa despertar as consciências a reagirem aos ataques permanentes do sistema Bolsonaro contra a imprensa”, explicou o Secretário-Geral da RFS, Christophe Deloire. “Os ataques não são apenas moralmente intoleráveis, mas também perigosos para a população brasileira que se vê privada de informações vitais sobre a pandemia. O trabalho dos jornalistas é fundamental para relatar os fatos e informar as pessoas sobre a realidade da crise sanitária. Mais do que nunca, o direito à informação, intimamente ligado ao direito à saúde, deve ser defendido no Brasil”, completa.

A RSF lembra os ataques sofridos por profissionais de imprensa no Brasil desde que o presidente Jair Bolsonaro chegou ao poder. “O trabalho da imprensa brasileira tornou-se particularmente complexo desde que Jair Bolsonaro assumiu o poder em 2018. Insultos, difamação, estigmatização e humilhação de jornalistas passaram a ser a marca registrada do presidente do país. Sempre que informações contrárias aos seus interesses ou aos de sua administração se tornam públicas, ele não hesita em atacá-los com violência”. “No final de janeiro, por exemplo, Jair Bolsonaro mandou os jornalistas para ‘a puta que o pariu’ e afirmou que a lata de leite condensado era para ‘enfiar no rabo [...] da imprensa’. Essa declaração delirante faz parte de uma estratégia bem azeitada de ataques contra a imprensa coordenados pelo presidente e seus familiares que ocupam cargos eletivos, conforme apresentado pelo relatório da RSF que lista nada menos que 580 ataques apenas em 2020”, lembra a ONG.