Caso Miguel

Caso Miguel: Justiça do Trabalho condena Sérgio Hacker e Sarí Corte Real a pagarem indenização

De acordo com a sentença do juiz, a indenização de mais de R$ 386 mil equivale a duas vezes o prejuízo causado a sociedade e todo o valor será destinado a um fundo da justiça do trabalho

Suzyanne Freitas
Suzyanne Freitas
Publicado em 15/03/2021 às 15:00
Yaci Ribeiro/JC Imagem
FOTO: Yaci Ribeiro/JC Imagem

A Justiça do Trabalho condenou Sarí Corte Real e Sérgio Hacker ao pagamento de mais de R$ 386 mil por dano moral coletivo. A condenação se deu por irregularidades trabalhistas, como o pagamento de empregadas domésticas do casal, com dinheiro da Prefeitura de Tamandaré.

Uma dessas empregadas era Mirtes Renata, mãe do menino Miguel, de 5 anos, que morreu ao cair do prédio em que o casal mora na Área Central do Recife. Só depois da morte do garoto o esquema foi descoberto. O nome de Mirtes apareceu no Portal da Transparência de Tamandaré como funcionária comissionada da prefeitura desde 2017.

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A mãe de Mirtes e outra empregada, também constavam como funcionárias da prefeitura. De acordo com a sentença do juiz substituto José Augusto Segundo Neto, da 21ª Vara do Trabalho, a indenização de mais de R$ 386 mil equivale a duas vezes o prejuízo causado a sociedade e todo o valor será destinado a um fundo da justiça do trabalho. A sentença saiu na última sexta-feira (12).

Repercussão

O fato repercutiu no mundo. Para Mirtes, houve imprudência e preconceito com a criança, por parte da ex-patroa. Momentos antes da queda da criança, Sarí estava fazendo as unhas. Situação que, para o filósofo, Érico Andrade, retrata bem a condição socioeconômica brasileira e põe em evidência a relação entre patrão e empregado.

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Ex-patroa

No dia da tragédia, Mirtes estava a serviço da casa da primeira-dama de Tamandaré, Sarí Corte Real, e deixou o filho aos cuidados da mulher, enquanto levava os cachorros da empregadora para passear. A ex-patroa foi autuada por homicídio culposo - quando não há intenção de matar - porque estava com a guarda temporária do menino. Nas imagens da câmera de segurança do elevador do prédio, é possível ver que Sarí deixa Miguel Otávio, filho da empregada, sozinho, dentro do elevador de serviço do prédio de luxo onde mora, no Recife.

Relembre o caso

Miguel faleceu no dia 2 de junho, quando foi deixado sozinho, dentro de um elevador do prédio onde a mãe trabalhava. O garoto, procurando pela mãe, saiu do elevador, desceu no nono andar do prédio e caiu, de uma altura de, aproximadamente, 35 metros.