CASO HENRY

Como identificar que uma criança é vítima de violência? Morte do menino Henry acende alerta

Henry Borel, de 4 anos, morreu no dia 8 de março; padrasto da criança, o vereador Dr. Jairinho, e sua mãe foram presos pela morte da criança

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 08/04/2021 às 18:50
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O delegado Henrique Damasceno, responsável pela investigação da morte de Henry Borel de Medeiros, de 4 anos, afirmou ter certeza de que o vereador Dr. Jairinho foi o autor das agressões que mataram o menino e de que a mãe dele, Monique Medeiros, foi conivente. O casal foi preso, nesta quinta-feira (8), e indiciado por homicídio duplamente qualificado.

A morte do menino Henry Borel acendeu o alerta sobre como identificar que uma criança é vítima de violência. Para a psicóloga Bruna Vaz, é importante lembrar que a violência pode ser física, psicológica e se manifestar também por meio da negligência dos responsáveis.

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“Muitas vezes, quando a gente pensa em violência doméstica contra criança a gente sempre imagina em violência sexual ou que os pais estão batendo nos filhos. É importante a gente ampliar o conceito porque essa violência pode ser tanto física como psicológica. Ou até se manifestar como negligência”, disse. “As vezes a própria criança é desacreditada. Quantas vezes a criança às vezes aponta, muda o comportamento e, mesmo assim, o entorno não percebe?”, questiona.

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De acordo com a psicóloga, é muito importante ficar atento a mudanças bruscas no comportamento da criança. "A violência física fica mais aparente. Claro que quem tem esse tipo de comportamento com uma criança, muitas vezes tenta bater num lugar mais escondido no corpo da criança. No entanto, a violência psicológica não deixa marcas evidentes. Os adultos precisam ficar muito mais atentos aos sinais que a criança vai demonstrando. Os adultos precisam ficar muito mais atentos aos sinais que a criança vai demonstrando, como ansiedade, comportamento mais obsessivos, tiques, manias. Muitas vezes essa criança pode ficar mais sonolenta, mais introspectiva ou, ao mesmo tempo, mais agitada (...) Uma mudança de comportamento, principalmente se for repentina, precisa ser avaliada", destaca.

Todos devem ficar atentos

Uma troca de mensagens revelada pela polícia mostra o dia que a babá do menino narra para Monique as agressões que Henry estava sofrendo por parte do padrasto, Jairinho.

A psicóloga destaca que todos que estão no entorno da criança devem ficar atentos para observar alguma mudança que indique que ela está sendo vítima de algum tipo de violência. “Nesse caso, a babá teve uma atitude super correta. Procurou a mãe da criança. A gente nunca imagina que quem está ali para ajudar, é justamente quem vai esconder. Além disso, tem algumas coisas que essas pessoas que cuidam podem fazer, como procurar outra pessoa da família, precisa colocar outros nessa dinâmica familiar (...) O entorno não é só a família. São as babás, uma vizinha que viu algo esquisito", aponta.

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Caso você conheça algum caso de violência contra crianças, ligue para o Disque 100, ou Disque Direitos Humanos, serviço de proteção vinculado ao Governo Federal.