CASO HENRY

Caso Henry: após cumprir quarentena, Jairinho vai para cela coletiva

Vereador foi preso acusado pela morte do seu enteado de apenas quatro anos

Rádio Jornal
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Publicado em 29/04/2021 às 21:01
Tânia Rêgo/Agência Brasil
FOTO: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Acusado pela morte do menino Henry Borel, de apenas 4 anos, filho de sua namorada, a professora Monique Medeiros da Costa e Silva (que também está presa pela mesma acusação), o vereador e médico Jairo Souza Santos Júnior, conhecido por Dr. Jairinho, deixou a cela C3 do presídio Pedrolino Werling de Oliveira, no Complexo de Gericinó, conhecido como Bangu 8, na tarde desta quinta-feira (29).

Após um período de observação para que pudesse ser avaliado o risco para o detento dentro do presídio na convivência com os demais presos - saber se ele será 'aceito' -, Jairinho foi encaminhado para o espaço coletivo. Na unidade que ele se encontra, no Bangu 8, a capacidade máxima é de 140 presidiários. Entretanto, atualmente, aproximadamente a metade é ocupada pelos presos, que estão divididos em cinco alas.

De acordo com as informações repassadas à imprensa, todos os detentos dessa unidade possuem diploma e formação de nível superior. Alguns estão envolvidos em investigações da operação Lava Jato; um deles, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral.

PERÍODO NA CADEIA

Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, ingressou no presídio Pedrolino Werling de Oliveira no dia 8 de abril. No último dia 16, o parlamentar chegou a solicitar auxílio médico no Hospital Penitenciário Hamilton Agostinho, dentro do complexo penitenciário, alegando tontura, dores de cabeça, além de ansiedade. Depois de ser atendido e medicado, retornou a cela C3 e permaneceu em quarentena por 14 dias, como determina o protocolo contra a covid-19 da Secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap).

Lesões não são de queda

No laudo necroscópico, os legistas identificaram lesões em várias partes do corpo do menino. Havia machucados na cabeça, hemorragia interna e laceração hepática (lesão no fígado). No documento, os médicos disseram que as lesões foram provocadas por ação contundente, isto é, violência.

Depois, uma reconstituição no apartamento onde o crime aconteceu, os peritos afastaram a possibilidade de que uma queda da cama tenha provocado lesões tão graves que chegassem a causar a morte do menino.

Na reconstituição, policiais encontraram porta-retratos com fotografias do casal com Henry. A suspeita é de que as imagens foram colocadas após a morte da criança para reforçar a ideia de que a família vivia em harmonia.

Histórico de agressor

Não demorou até que relacionamentos anteriores de Dr. Jairinho demonstrassem os traços de agressividade do padrasto de Henry. Uma ex-companheira do vereador disse que Jairinho batia na filha dela, à época com três anos. A criança chegou a relatar à avó que o ex-padrasto afundou a cabeça dela em uma piscina. Esse caso também está sendo investigado.

Vizinhos de Jairinho também relataram agressões e brigas entre ele e a ex-mulher, a dentista Ana Carolina Ferreira Netto, em um condomínio na Barra da Tijuca. “Todo mundo sabia que ele batia nela”, disse um vizinho. Outro vizinho confirmou as agressões. “Era agressão semanal. Espancamento, inclusive, com pedido de socorro dela”, afirmou. A defesa de Jairinho nega as acusações.

Agressões a Henry

A polícia confirmou que Jairinho também batia em Henry. De acordo com as investigações, Monique, a mãe do menino, sabia das agressões desde fevereiro. Além de vereador, Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, também é médico.

Os investigadores também acreditam que o vereador praticou pelo menos uma sessão de tortura contra Henry, semanas antes da morte do garoto. O vereador teria se trancado em um quarto do apartamento para bater na criança.

Mensagens trocadas entre a mãe de Henry e o pai biológico do garoto, o engenheiro Leniel Borel, revelam que o menino não gostava de voltar dos passeios com o pai. “Lê, como vocês estão? Já estou apreensiva desde a hora que acordei. Porque ele não vai querer vir embora”, escreveu a mãe para o ex, no dia em que Henry deveria voltar para a casa onde ela morava com Jairinho.

“Hoje será uma noite difícil. Sempre que ele chega é assim. Eu parei a minha vida para estar ao lado dele e não adianta. Eu sei o que passo diariamente”, disse Monique em outro trecho da conversa.

Mãe em salão de beleza

Também chamou atenção dos investigadores o fato de Monique ter ido a um salão de beleza exatamente no dia seguinte ao sepultamento do corpo de Henry. No estabelecimento, dentro de um shopping do Rio de Janeiro, Monique, que é professora, gastou R$ 240 em serviços de cabeleireiro, manicure e pedicure.