LUTO

Idealizador do Boi da Macuca, morre Zé da Macuca

Zé da Macuca estava internado no Hospital Santa Joana, no Recife

Atualizada às 12h03
Atualizada às 12h03
Publicado em 21/05/2021 às 11:47
Reprodução/Rádio Jornal
FOTO: Reprodução/Rádio Jornal

O idealizador do Boi da Macuca, José Oliveira Rocha, popularmente conhecido como Zé da Macuca, faleceu, nesta sexta-feira (21), conforme anunciou o perfil do grupo cultural nas redes sociais. Zé da Macuca estava internado no Hospital Santa Joana, no Recife, devido a problemas cardíacos.

Ao lado do seu filho Rudá Rocha, Zé da Macuca transformou o sítio de sua família, localizado na zona rural da cidade pernambucana de Correntes (Agreste), em um dos mais tradicionais polos culturais de Pernambuco, com a realização de festivais anualmente.

>> Macuca das Artes leva diversidade cultural ao Agreste

>> Bloco 'Boi da Macuca' mistura forró e frevo em Olinda

>> Fazenda Macuca completa 25 anos de atividades com muito rock

História

Nas redes sociais, o perfil da Macuca publicou uma despedida ao idealizador de uma das principais manifestações culturais de Pernambuco.

"Filho de José da Rocha Sobrinho e Otacília Oliveira Rocha, herdou a Fazenda Macuca, na zona rural de Correntes, e apreendeu a lidar com a terra e o gado. Mas foi em 1989 que se inspirou para transformar o lugar em um verdadeiro e forte relicário cultural. Percebeu que ali existia um Boi mágico, muito além e imensamente mais altivo do que todo o gado que pastava no cercado.

A partir de então, Zé Oliveira (ou Rocha como era conhecido na geologia) se transformava em Zé da Macuca, um dos maiores ativistas de arte e cultura de Pernambuco.

Guiado pelas referências máximas, Luiz Gonzaga e Dominguinhos, sua paixão era a música nordestina e seu carinho maior era o São João. Pela cultura popular nordestina, dedicou a vida. Com ela rodou o mundo, inclusive em terras estrangeiras. Também com ela resolveu homenagear o Carnaval de Olinda, levando o inusitado cortejo de forró de sanfona para a terra do frevo.

Da geologia à cultura, conquistou uma multidão de amigas e amigos pelas muitas terras por onde passou. Uma multidão que se transformou em uma corrente de positividade nos últimos dias e que certamente levou serenidade para nosso capitão."

Veja a despedida publicada no perfil da Macuca:

Luto

Prefeito de Olinda, Professor Lupércio, emitiu uma nota lamentando o falecimento de Zé da Macuca. Veja:

"O prefeito de Olinda, Professor Lupércio, lamenta o falecimento de José Oliveira Rocha, também conhecido como Zé da Macuca. Uma grande perda para a cultura da nossa cidade, pois desde 1989 o Boi da Macuca, capitaneado por Zé, arrasta de maneira intensa e sempre inesquecível uma multidão pelas ladeiras da cidade no Carnaval. Sem falar do São João da Macuca e de toda a tradição trazida por ele em outros momentos do ano.

Zé tinha o costume de falar que quando a Macuca toca até os animais se calam para ouvir a Macuca tocar e ficam admirados pelo som da orquestra. E isso certamente vai continuar acontecendo, pois o legado de um artista, que tão bem fez para nossa cidade, para a tradição da nossa gente, continuará vivo nos corações dos que amam e vivem a nossa cultura popular. Professor Lupércio se solidariza com familiares e amigos."

Zé ( vestido de branc0) e o seu Boi da Macuca eram figuras constantes na programação do Festival de Inverno de Garanhuns, promovido pelo Governo de Pernambuco
Zé ( vestido de branc0) e o seu Boi da Macuca eram figuras constantes na programação do Festival de Inverno de Garanhuns, promovido pelo Governo de Pernambuco
Tom Cabral/Secult-PE/Fundarpe

A Secretaria Estadual de Cultura e a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) também lamentaram a partida de Zé da Macuca, destacando a importância dele para a cultura pernambucana.

"A Secretaria Estadual de Cultura (Secult-PE) e a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) lamentam o falecimento do fundador da entidade cultural pernambucana Boi da Macuca, o geólogo José Oliveira Rocha, popularmente conhecido como Zé da Macuca, que partiu nesta sexta-feira (21).

Ao lado do seu filho Rudá Rocha, Zé da Macuca conseguiu transformar o sítio de sua família, localizado na zona rural da cidade pernambucana de Correntes (Agreste), em um dos mais tradicionais polos culturais do Estado, graças à sua inventividade e paixão efusiva pela cultura popular.

A história de Zé e seu famoso Boi da Macuca começam em 1989, quando ele abandona sua carreira profissional para ocupar as terras deixada por seu pai, no Agreste pernambucano. Embora tenha aprendido a cuidar da terra e do gado, Zé descobriu a existência de um boi mítico e brincante que, por ser símbolo da cultura da região, se transformou na sua verdadeira razão de viver. Desde então, ele assumiu o comando da agremiação e levou-a para além das fronteiras de Pernambuco e do Brasil, com cortejos que já desfilaram por Olinda, Recife, Festival de Inverno de Garanhuns (PE) e Festival de Inverno de Ouro Preto (MG), além de turnês pela Europa.

Como polo cultural, o sítio de Zé, em Correntes, abriga anualmente o tradicional São João da Macuca e o Festival Macuca das Artes (festival de artes integradas), eventos que atraem centenas de pessoas ao interior do Estado. Além das festas e cortejos no sítio e seus arredores, há ainda no calendário da agremiação o Baile da Macuca (prévia de Carnaval em Olinda) e o Forró da Macuca (prévia de São João em Olinda).

“Nosso parceiro no Festival de Inverno de Garanhuns, Zé era um defensor incansável da nossa cultura. Ele expandiu as festividades do Boi da Macuca e transformou-o numa das mais importantes e respeitadas entidades culturais de Pernambuco. Vou sempre me lembrar da sua alegria e seu sorriso largo à frente dos cortejos, que ele tão bem conduziu por anos”, disse o presidente da Fundarpe, Marcelo Canuto.

“Zé da Macuca construiu um legado importantíssimo para a cultura pernambucana. Do Carnaval ao São João, do frevo ao forró, ele nos revelou o verdadeiro sentido das festas populares: estar junto ao povo, celebrar junto ao povo”, ressaltou Gilberto Freyre Neto, secretário estadual de Cultura.

À família, admiradores e brincantes do Boi da Macuca, ficam aqui registrados nosso lamento, nossa gratidão e o compromisso de seguir contribuindo para a preservação de sua memória."