VIOLÊNCIA POLICIAL

Policial que atirou no olho de jovem em protesto no Recife já foi afastado, confirma secretário de Defesa Social

Segundo o secretário Antônio de Pádua, as investigações buscam identificar ainda o PM responsável por atirar no olho de outra vítima no protesto

Atualizada às 13h58
Atualizada às 13h58
Publicado em 03/06/2021 às 13:30
Felipe Ribeiro/ JC Imagem
FOTO: Felipe Ribeiro/ JC Imagem

O secretário de Defesa Social, Antônio de Pádua, confirmou que o policial responsável pelos disparos de elastômero, conhecida como “bala de borracha”, contra o arrumador de contêiner Jonas Correia de França, de 29 anos, já foi afastado. O caso aconteceu durante um protesto contra o governo de Jair Bolsonaro no sábado (29), no Centro do Recife. Jonas não participava do ato e foi atingido no olho direito enquanto passava na ponte Princesa Isabel.

"Ele foi identificado e afastado. Já foi iniciado o procedimento disciplinar contra o policial", afirmou o secretário durante entrevista à TV Jornal, nesta quinta-feira (3).

O secretário revelou que as investigações tentam, agora, identificar o policial responsável pelo disparo que feriu o adesivador Daniel Campelo, de 51 anos, também atingido no olho. Em resposta à irmã da vítima, Antônio de Pádua garantiu que tem buscado identificar o responsável. "Nós lamentamos muito (...) As cenas que assistimos no sábado são injustificáveis. Repudiamos qualquer tipo de violência. A PMPE trabalha para proteger o cidadão. O que podemos garantir, nesse momento, é que estamos fazendo todas as investigações necessárias, possíveis, com maior transparência para que a gente possa dar a resposta a senhora e Daniel para que a gente possa dizer quem fez isso”, disse. “Já adianto que temos oito PMs afastados e estamos tentando identificar justamente o policial que atirou e teria agredido o seu irmão, Daniel”, completou.

>> A deputados, secretário Antônio de Pádua diz que comandante da operação policial no Recife tinha 'livre arbítrio' para tomar decisões

>> Protesto no Recife: PM estava ali cumprindo ordens, diz presidente de associação policial

Mudança no comando

Além do afastamento dos oito policiais militares, o Governo do Estado anunciou, na noite da terça-feira (1), a mudança do comando da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE). Numa nota enviada à imprensa, o Palácio do Campo das Princesas informou que o agora ex-comandante da corporação, Vanildo Maranhão, pediu exoneração do cargo; pedido que foi aceito pelo governador Paulo Câmara (PSB).

O coronel José Roberto Santana, que ocupava o cargo de diretor de Planejamento Operacional da PM, foi anunciado como novo comandante da tropa.

Relembre o caso

No último sábado (29), manifestantes ocuparam as ruas do Recife para protestar contra o governo Bolsonaro. A manifestação ocorria de forma pacífica, mas policiais militares do Batalhão de Choque usaram spray de pimenta e balas de borracha para dispersar a multidão.

O adesivador Daniel Campelo da Silva, 51 anos, e o arrumador Jonas Correia de França, 29, foram atingidos no rosto por balas de borracha disparadas por policiais militares. Ambos tiveram lesões permanentes. Daniel, no olho esquerdo, e Jonas, no olho direito. Os dois seguem internados no Hospital da Restauração, no bairro do Derby, na área central da capital pernambucana.

Tanto Daniel Campelo quanto Jonas Correia não participavam do ato, mas foram atingidos quando passavam pelo Centro do Recife.

Além deles, outras pessoas também ficaram feridas no ato, foi o caso da vereadora Liane Cirne Lins (PT). De dentro da viatura, policiais dispararam spray de pimenta no rosto da vereadora, que, sob o efeito do gás, caiu no chão após a agressão. Ela prestou uma queixa crime contra os policiais.

Indenização

Uma reunião foi realizada nesta quarta-feira (2), na sede da Procuradoria Geral do Estado (PGE-PE), com os familiares dos feridos em ato contra o governo Bolsonaro no último sábado (29) no Recife. Segundo os familiares das vítimas, ficou acertado que os feridos irão receber do Governo de Pernambuco um auxílio emergencial no valor de um salário mínimo (R$ 1.100), auxílio alimentação e auxílio saúde até que uma indenização seja definida.

O acordo foi feito entre parentes do adesivador Daniel Campelo da Silva, de 51 anos, e do arrumador de contêiner Jonas Correia de França, 29, e a Procuradoria Geral do Governo de Pernambuco (PGE-PE).