O novo comandante da Polícia Militar de Pernambuco tomou posse em cerimônia realizada a portas fechas, nesta sexta-feira (4), no Quartel do Derby, área central do Recife. O coronel José Roberto Santana substituiu o coronel Vanildo Maranhão, que pediu exoneração três dias após uma truculenta ação de PMs durante protesto contra Bolsonaro, no último sábado (29). A violência policial deixou dois sem a visão de um dos olhos, e uma das vítimas acabou perdendo o órgão.
A imprensa não pode participar da cerimônia, no Salão Nobre do edifício. A justificativa da corporação para limitar o acesso foi a pandemia de covid-19.
Perfil do coronel José Roberto
O coronel José Roberto de Santana vinha exercendo a função de diretor de Planejamento Operacional da Polícia Militar, tendo como responsabilidade coordenar as quatro diretorias operacionais da corporação (DIM, DIRESP, DINTER I e DINTER II), correspondentes a um total de 51 unidades operacionais, entre batalhões e companhias independentes, de área e especializadas. Ele tem 31 anos de efetivo serviço à Polícia Militar, tendo sido declarado aspirante a oficial PM em 1992, pela Academia de Polícia Militar do Paudalho. Possui os seguintes cursos na área de Segurança Pública: Especialização em Gestão Governamental, Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais e Curso Superior de Polícia.
O coronel foi chefe da Unidade de Segurança do Palácio do Campo das Princesas, sede do Governo de Pernambuco, no período de 2001 a 2004; foi ajudante de Ordem do governador de Pernambuco no período de 2005 a 2006; e foi assistente do Comando Geral da PMPE, no período de 2011 a 2017. Possui ainda 14 condecorações de mérito.
Exoneração e policiais afastados
A mudança do comando da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) foi anunciada na noite da última terça-feira (1º). Em nota enviada à imprensa, o Palácio do Campo das Princesas informou que o agora ex-comandante da corporação, Vanildo Maranhão, pediu exoneração do cargo; pedido que foi aceito pelo governador Paulo Câmara (PSB).
Em resposta à ação policial truculenta, a Secretaria de Defesa Social (SDS) já afastou oito policiais militares.
Violência policial no dia 29 de maio
No último sábado (29), manifestantes ocuparam as ruas do Recife para protestar contra o governo Bolsonaro. A manifestação ocorria de forma pacífica, mas policiais militares do Batalhão de Choque usaram spray de pimenta e balas de borracha para dispersar a multidão.
O adesivador Daniel Campelo da Silva, 51 anos, e o arrumador Jonas Correia de França, 29, foram atingidos no rosto por balas de borracha disparadas por policiais militares. Ambos tiveram lesões permanentes. Daniel, no olho esquerdo, e Jonas, no olho direito. Os dois seguem internados no Hospital da Restauração, no bairro do Derby, na área central da capital pernambucana.
Tanto Daniel Campelo quanto Jonas Correia não participavam do ato, mas foram atingidos quando passavam pelo Centro do Recife.
Além deles, outras pessoas também ficaram feridas no ato, foi o caso da vereadora Liane Cirne Lins (PT). De dentro da viatura, policiais dispararam spray de pimenta no rosto da vereadora, que, sob o efeito do gás, caiu no chão após a agressão. Ela prestou uma queixa crime contra os policiais.
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