Olimpíadas de Tóquio

Alison dos Santos nos 400m com barreiras: acidente na infância, cabelo, bom humor e "malvadão"; conheça a biografia, altura e idade do atleta

Alison dos Santos é considerado um dos principais nomes do atletismo na atualidade. Na noite desta segunda-feira (2), ele pode ganhar medalha de ouro nas Olimpíadas 2021

Gabriel dos Santos Araujo Dias
Gabriel dos Santos Araujo Dias
Publicado em 02/08/2021 às 18:01
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FOTO: Reprodução/Twitter

O atleta Alison dos Santos vai correr uma das principais provas de sua vida na noite desta segunda-feira (2). Aos 21 anos de idade, ele é finalista dos 400 metros com barreiras nas Olimpíadas de Tóquio e tem grandes chances de subir no degrau mais alto do pódio da premiação. Nas semifinais, ele fez a prova em 47s31 e quebrou o recorde sul-americano. Fora das pistas, Alison é um dos atletas mais bem humorados desses jogos olímpicos. Ele brinca com repórteres e dança ao som do funk "Malvadão". O que pouca gente sabe é que o sorridente atleta precisou vencer muitos outros obstáculos na vida.

Alison dos Santos nasceu em São Joaquim da Barra, no interior de São Paulo. Aos 10 meses, uma panela de óleo quente virou em cima dele. Com queimaduras de terceiro grau, Alison ficou meses internado no Hospital de Câncer de Barreto, e carrega até hoje sequelas daquele triste dia. A cabeça ficou com cicatrizes que impedem o crescimento do cabelo em toda extensão do couro cabeludo. Parte da testa e do lado direito do rosto também ainda tem marcas do acidente.

 

Por muitos anos, Alison usou boné para tentar disfarçar as marcas. Ele tinha muita vergonha das cicatrizes e cresceu um menino tímido, bem diferente do animado atleta que comemora suas vitórias dançando na frente das câmeras. "Ele era muito tímido, tinha vergonha de ir sozinho", lembra Ana Fidélis, em entrevista ao UOL.

Início da carreira

Alison foi descoberto quando professores de um projeto social visitaram escolas da cidade. Logo, o garoto chamou atenção. Aos 14 anos, ele ja tinha 1,85 m de altura. Agora, com 21, tem 2,00 m. "No dia em que foram na escola dele e viram o Alison, magrelo, sentado, negro e de boné, falaram: vai conhecer o atletismo, você tem que cara de quem gosta de esporte", recorda-se Ana. Tímido, o garoto não atendeu ao convite.

 

Meses depois, o convite foi refeito e, dessa vez, ele aceitou. "Mas ele era tão tímido por causa da queimadura, que só ia de boné. Ele morria de vergonha", disse Ana. Na primeira competição, no Centro Olímpico de São Paulo, Alison correu com uma touca amarela emprestada por um colega de equipe.

Dados de Alison

  • Campeão pan-americano em Lima-2019
  • 7º colocado no Mundial de Doha de 2019
  • Altura: 2 metros

Bom humor do "Malvadão"

 

Agora, Alison mudou muito. Bem humorado, ele adora cantar e dançar o funk "Chamo teu vulgo Malvadão", sucesso entre os usuários do TikTok. "Eu quero fazer história, assim como outros atletas já estão fazendo. Fui o primeiro brasileiro a correr a prova abaixo dos 48 segundos e quero continuar a quebrar recordes. Fico muito feliz de estar nesse meio. Estar entre os três melhores atletas (do ranking mundial de 2021) e ter nível técnico para correr junto com eles", disse Alison em entrevista coletiva em Tóquio.

 

"Estou bem confiante para essa competição, treinei bastante, estou bem condicionado, então aumenta muito a confiança. Tenho meus amuletos da sorte, pessoas que estão comigo e me colocam no chão de volta, me fazem entender que estou aqui mas não posso deixar o nervosismo subir à cabeça. Está só começando a jornada. Com um tiro de cada vez, consegui chegar na final. Agora é brigar pela medalha", disse em entrevista ao SporTV.

Final dos 400m com barreira à 0h20 (horário de Brasília)

Da Agência Brasil

O paulista Alison dos Santos se classificou neste domingo (1º) para a final dos 400 metros (m) com barreiras da Olimpíada de Tóquio (Japão). Candidato a medalha, o brasileiro cravou o melhor tempo da segunda bateria da semifinal, com 47s31, quebrando o recorde sul-americano da prova pela quinta vez no ano. Ele foi três centésimos mais veloz que a marca que estabeleceu em 4 de julho, na etapa de Estocolmo (Suécia) da Liga Diamante.

"Piu", como Alison é conhecido, fez o segundo melhor tempo geral da semifinal, atrás somente do norueguês Karsten Warholm, recordista mundial, que foi um centésimo mais rápido que o paulista. A final será na terça-feira (3), às 0h20 (horário de Brasília).

"Estou muito confiante para essa competição, treinei bastante, estou bem condicionado. Eu e meu treinador conversamos e ele disse que me daria o poder de decisão durante a prova, se eu iria correr a prova toda forte ou se eu iria escolher o momento para avançar. Achei que não estava fazendo uma prova tão boa até a oitava barreira, então eu resolvi não virar bem forte, mas quando passei ali me arrependi um pouco porque dava pra ter feito forte esse tiro com um resultado melhor. Mas estou muito feliz por me classificar para a final. A gente estava planejando isso, sonhado com isso e hoje se torna realidade", disse Alison, em depoimento à assessoria de imprensa da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt).

"O Warholm e o [norte-americano Rai] Benjamin são favoritos ao ouro, mas são oito classificados para a final e qualquer um pode levar a medalha. Eu tenho os meus amuletos da sorte, pessoas que me colocam no chão e me fazem entender que não posso deixar o nervosismo subir para a cabeça, tenho sempre de manter os pés no chão", completou Piu, projetando a disputa de terça-feira.