Mais uma vez, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) gerou revolta ao tratar com desdém a vida humana. Nesta segunda-feira (2), ele voltou a criticar as medidas adotadas por prefeitos e governadores para frear os casos e óbitos causados pela covid-19. Na ocasião, ele se referiu ao ex-prefeito de São Paulo Bruno Covas como "o outro que morreu". Covas faleceu em maio deste ano em decorrência de um câncer.
"Um fecha São Paulo e vai para Miami. O outro, que morreu, fecha São Paulo e vai ver Palmeiras e Santos no Maracanã. Esse é o exemplo", disse Bolsonaro a apoiadores, em vídeo publicado pelo portal Metrópoles. Assista:
Na manhã desta segunda-feira (2), o presidente @jairbolsonaro voltou a criticar Luis Roberto Barroso, presidente do TSE. “Defende um montão de coisa que não presta”.
Bolsonaro também criticou o ex-prefeito de São Paulo, Bruno Covas, falecido em maio. “Fecha SP e vai ao Maracanã” pic.twitter.com/k0jiVs56J7
— Metrópoles (de ) (@Metropoles) August 2, 2021
Resposta
Tomás Covas, filho do ex-prefeito de São Paulo, chamou Bolsonaro de "incompetente e negacionista" e disse que seu pai o levou ao estádio para que os dois pudessem curtir um momento juntos nos últimos momentos de vida de Bruno Covas. "Em uma fala covarde hoje durante a tarde [ontem], ele atacou quem não está mais aqui conosco, não dando o direito de resposta ao meu pai", disse. "Uma tristeza as agressões vazias do presidente contra meu pai. Não é certo atacar quem não está mais aqui para se defender. Meu pai sempre foi um homem sério e fez questão de me levar ao Maracanã no fim da sua vida para curtirmos seus últimos momentos juntos. Isso é amor! Bolsonaro nunca entenderá esse sentimento", completou o jovem à colunista Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo.
Políticos se manifestam
Nas redes sociais, diversos políticos, a exemplo do governador de São Paulo se manifestaram em repúdio à fala de Jair Bolsonaro. Veja:
A desumanidade de Bolsonaro, agredindo de forma covarde Bruno Covas, só demonstra ainda mais sua falta de respeito pelos vivos e pela memória dos mortos.
— João Doria (@jdoriajr) August 2, 2021
O desrespeito com a memória de Bruno Covas escancara, de maneira lamentável, a crueldade do presidente e o seu desprezo pela vida e pelo ser humano.
— Eduardo Leite (@EduardoLeite_) August 3, 2021
O covarde @jairbolsonaro atacando Bruno Covas porque ele foi ver o jogo com o filho sendo que ver esse jogo com o filho fazia parte de uma lista com os "últimos desejos" dele, porque ele sabia que estava morrendo. Atacar alguém que não pode se defender é o cúmulo da covardia.
— Paulo Pimenta (@DeputadoFederal) August 2, 2021
Quero manifestar minha solidariedade à família do Bruno Covas, que ao contrário de Bolsonaro sempre foi um homem digno. As ofensas grotescas do presidente jamais estarão à altura da memória do Bruno.
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) August 2, 2021
Bolsonaro bateu o próprio recorde de sordidez e falou mal do falecido Bruno Covas. Inacreditável!
— Orlando Silva (@orlandosilva) August 2, 2021
Bolsonaro é pequeno. É minúsculo. Não é digno da cadeira que ocupa, nunca será! Manifesto minha solidariedade à família do Bruno Covas. Bruno não merece ter seu nome e sua memória atacada por gente tão vil e sem empatia.
— Randolfe Rodrigues (@randolfeap) August 3, 2021
Relembra a situação
Em janeiro de 2021, Bruno Covas foi ao Rio de Janeiro assistir à final da Libertadores no Maracanã com Tomás, seu filho único, que é grande torcedor do Santos. Na ocasião, ele foi bastante criticado por conta da pandemia da covid-19.
Nas redes sociais, Covas se defendeu das críticas e postou uma foto da partida. "Quando decidi ir ao jogo tinha ciencia que sofreria criticas. Mas se esse e o preco a pagar para passar algumas horas inesqueciveis com meu filho, pago com a consciencia tranquila", postou o então prefeito de São Paulo.
Veja:
Morte
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, morreu na manhã do dia 16 de maio, aos 41 anos, em decorrência do câncer da transição esôfago-gástrica e complicações do tratamento. Licenciado do cargo no início daquele mês, Bruno Covas estava em tratamento no Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista.