DITADURA

História: quem foi Carlos Marighella? Filme de Wagner Moura sobre o brasileiro tem sofrido ataques

Carlos Marighella morreu em 1969, aos 57 anos

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 25/10/2021 às 14:13
Reprodução/ Internet
FOTO: Reprodução/ Internet

Após sofrer uma série de boicotes, finalmente o filme que conta a história de Carlos Marighella ganhou data para lançamento no Brasil. O longa dirigido por Wagner Moura chega às telonas no próximo dia 4 de novembro. Mesmo sem ter sido lançado, a produção já acumula mais de 45 mil avaliações no site “IMDb”, agregador de filmes e séries. Com a enxurrada de avaliações, os internautas deram à obra a nota média negativa de 3,6 - de um total de 10.

Em 2019, ano em que o filme deveria ter sido lançado, a página do filme no IMDb teve suas avaliações desativadas. Com mais de 15 mil avaliações registradas, o longa aparecia com uma nota média de 2,8. Na época, as notas negativas foram feitas por robôs coordenados por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.

O filme “Marighella” é baseado na biografia "Marighella: O guerrilheiro que incendiou o mundo", de Mário Magalhães, e o personagem principal é interpretado pelo cantor e ator Seu Jorge. Alvo de ataques de grupos de extrema direita, o longa conta a história desse personagem da história do Brasil que se tornou um guerrilheiro durante a ditadura militar do país.

Veja o trailer:

Quem foi Carlos Marighella?

Carlos Marighella nasceu em Salvador, na Bahia, no dia 5 de dezembro de 1911. Filho do imigrante italino Augusto Marighella com a baiana e ex-empregada doméstica Maria Rita do Nascimento, negra e filha livre de escravos. Ex-deputado federal se tornou um guerrilheiro durante a ditadura militar do país.

Inspirado pelo modelo de guerrilha elaborado por Che Guevara, o guerrilheiro se tornou o inimigo número 1 da ditadura militar do Brasil durante a década de 1960.

Vida pessoal

Carlos Marighella teve um filho com a operária Elza Sento Sé, Carlos Augusto Marighella, nascido a 22 de maio de 1948, no Rio de Janeiro.

Política e prisões

Antes de ser morto, Carlos Marighella teve diversas passagens pela prisão
Antes de ser morto, Carlos Marighella teve diversas passagens pela prisão
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Incentivado desde novo a estudar, Marighella abandou o curso de engenharia civil da Escola Politécnica da Bahia em 1934 e ingressou no PCB (Partido Comunista Brasileiro). A partir de então, tornou-se militante profissional da sigla e se mudou para o Rio de Janeiro.

Em 1932, Carlos Marighella foi preso pela primeira após escrever um poema contendo críticas ao interventor Juracy Magalhães. O baiano foi preso e torturado novamente em 1936, durante o governo de Getúlio Vargas, por subversão. Após ser solto, um ano depois, Marighella entrou para a clandestinidade e foi recapturado em 1939. Ele permaneceu na prisão até 1945 e, após ser solto, foi eleito deputado federal constituinte pelo PCB baiano em 1946.

Em 1948, Marighella perdeu o mandato e voltou para a clandestinidade. Em maio de 1964, após o golpe militar, foi baleado e preso por agentes do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) dentro de um cinema, no Rio. Após passar um ano preso, ele optou pela luta armada contra a ditadura quando deixou a prisão, em 1965.

Carlos Marighella fundou, em 1967, a Ação Libertadora Nacional (ALN), organização responsável por atos terroristas de guerrilha urbana no país, com realização de assaltos, emboscadas e sequestros.

Morte

Carlos Marighella foi morto na noite de 4 de novembro de 1969, aos 57 anos, após ser surpreendido em uma emboscada, em São Paulo. Ele foi morto a tiros por agentes do DOPS.