JC ESPORTE 10

"O corte não pode ser nos atletas da base que não tem outra fonte de renda", diz Joanna Maranhão

Atualmente como gestores de políticas públicas voltadas aos esportes, Joanna Maranhão e Yane Marques falaram sobre o corte no orçamento dos atletas

Rádio Jornal
Rádio Jornal
Publicado em 28/03/2019 às 21:18
Fellipe Leandro/Rádio Jornal
FOTO: Fellipe Leandro/Rádio Jornal

"Em momentos de crise, obviamente o Brasil de 2016 pra frente não foi o Brasil de quando o Bolsa Atleta começou. A crise é outra, então teriam que existir cortes. O que eu penso e como me posiciono é que o Bolsa Atleta tinha cinco níveis: estudantil, nacional, internacional, olímpico/paralímpico e pódio. Então, eu acho que os atletas que recebem o bolsa pódio, que é o plano medalha dos atletas 'Top 20' do mundo, geralmente tem outra fonte de renda. Eu acredito que num momento de crise, o corte não pode ser feito no atleta da base que não tem outra fonte de renda. Mas em um país que está tão polarizado e que a gente generaliza todo tipo de assistencialismo do governo como bolsa esmola, é muito difícil propor um debate mais profundo sobre isso", enfatizou a ex-nadadora e atual Gerente de Rendimento e Inclusão da Secretaria Executiva de Esportes do Recife, Joanna Maranhão.

O corte no orçamento do Bolsa Atleta foi um dos assuntos abordados durante o programa JC Esporte 10 da Rádio Jornal, que nesta quinta-feira (28), recebeu Yane Marques ex-pentatleta e atual Secretária Executiva de Esportes do Recife e Joanna Maranhão. O benefício concedido pelo Governo Federal, para atletas de base e de alto rendimento, sofreu um corte de um terço no investimento, ainda na gestão do ex-presidente Michel Temer. Apenas 3.058 atletas de todo o país vão ser contemplados com o valor da bolsa. Se em 2017 o valor girava em torno dos 137 milhões de reais disponibilizados para o programa, agora em 2019, o valor fica na casa dos 53 milhões reais.

Ouça o programa na íntegra:

Para Yane Marques, em seu início no atletismo, o Bolsa Atleta foi fundamental para mudar sua vida. " Minha primeira bolsa, quando eu comecei a treinar, minha primeira bolsa atleta, que não foi atleta, foi pela Confederação, era de 400 reais. Então foi uma bolsa que mudou a minha vida. Com aqueles 400 reais eu conseguia comer melhor, juntava dinheiro pra comprar um tênis melhor, juntava pra comprar uma espada que eu não tinha, era emprestada. Mas de verdade, eu não sei qual foi a linha de raciocínio, o porquê cortar nesse seguimento", afirmou.

As gestoras vêm trabalhando no projeto do Bolsa Atleta Municipal. Que consideram como um projeto corajoso. "A gente tá propondo o Bolsa Atleta, um projeto corajoso. E fico feliz por ter o apoio de Joanna que entende, todo mundo comprou a ideia. A gente tá propondo bolsa para os meninos da categoria dos jogos escolares. A gente tem aqui no Estado, Bolsa Atleta do Governo de Pernambuco. As crianças a partir dos 14 anos, têm o direito de pleitear o Bolsa Atleta. E as crianças dos 12 aos 14 anos, estão naquele momento em que não sabem ao certo se querem ser atletas. E a gente, linka o Bolsa com os jogos escolares do Recife", explica Yane.

Olimpíadas 2020

Se em edições passadas era comum vê-las brigando por medalhas e quebrando recordes , dessa vez Joanna e Yane serão apenas espectadoras das Olimpíadas de Tóquio, em 2020. A saudade das competições bate nas duas de formas diferentes. Para a ex-nadadora, a vontade de treinar e competir veio mais forte no último final de semana, enquanto assistia ao Campeonato Metropolitano, realizado em Minas Gerais. "Foi um sentimento que eu fiquei preocupada, porque não estava sentindo isso. Meu marido falou para mim que é absolutamente normal", revelou.

Já para a ex-pentatleta, a saudade dá e passa. "Eu planejei tanto o período que eu ia desacelerar, destreinar. Até 2016 eu tinha uma equipe técnica que a gente começou e terminou junto. E todo mundo tinha novos projetos de vida. Tanto que meu técnico hoje trabalha na União Internacional do Pentlato Moderno em Mônaco. A equipe técnica, todos nós, a gente se organizou pra seguir junto até dois meses depois das Olimpíadas, porque eu competi o mundial militar e dali a gente ia viver novas experiências", relembrou.

VEJA MAIS CONTEÚDO